2011/08/28

JMJ Madrid: the day after (1)

Avaliar e aprender com a JMJ 2011
Profissionalmente e eclesialmente interesso-me por estas coisas da pastoral de jovens. Tive a oportunidade de participar na JMJ em Madrid. Eu, e imagino todos os outros peregrinos, estou naquela fase de desenhar o follow-up das jornadas. Muito desse trabalho acontece a nível interior e a nível das propostas micro que se vão desenhando e implementando em cada grupo, em cada paróquia, em cada movimento.
Mas gostaria também de pensar a um nível mais macro, mais amplo. O que podemos aprender com as jornadas?

Como avaliar?
Avaliar um processo gigantesco e ímpar como uma JMJ traz, até a nível teorético muitas dificuldades de avaliação. Uma JMJ não é um evento único: são centenas de propostas, milhares de interacções a acontecer. Desenhar um protocolo de avaliação que agarrasse toda esse vida, toda essa riqueza, parece impossível.
O sujeito individual, o grupo, a associação que participa nas JMJ, são realidades relativamente homogéneas que assumem (conscientemente ou não) um certo número de objectivos ao participar nas jornadas. Por isso, é mais fácil para eles aferirem o grau de realização desses objectivos. À medida que avançamos para um nível diocesano, nacional ou mundial, os objectivos cruzam-se, diversificam-se, confundem-se e tornam uma avaliação credível muito difícil.

Data makes the world go round…
Mas mesmo assim seria bom fazer todo o possível para uma avaliação séria. E é aí que começam as dificuldades. Do Papa ao mais humilde delegado diocesano o que se tem lido é muito impressivo. Não há dados numéricos consistentes. Não há acesso aos mecanismos e procedimentos de acesso aos dados. Há é bastante spin. E, por sinal, bastante bem feito.
Gostava de saber quantas pessoas estiveram na JMJ 2011. Gostava de saber como é que essa contagem é feita. Gostava de saber demográficos dos peregrinos inscritos. Gostava de saber quantos peregrinos portugueses se inscreveram. Idades, dioceses de origem, género. Gostava de saber se o DNPJ contabiliza nos portugueses os membros de movimentos que se inscreveram directamente. Gostava de saber as razões da anomalia estatística de Lisboa (mais de 2000 inscritos, o triplo das dioceses que se seguem). Li que a média de idades era de 22 anos; as inscrições seguem uma curva de Gauss normal? A abertura aos maiores de 14 anos teve real impacto.
Gostava também de perceber alguns factos. É mesmo só para saber. Não pretendo usar os factos contra nada nem contra ninguém. Como disse, estive lá e gostei. Mas gostava de saber o que aconteceu em Quatro Vientos com a água? E com as comunhões (as explicações que foram dando não explicam nada; são spin puro)?
Quando cheguei ao aeródromo o sistema de som elogiava a postura práfrentex de Bento XVI em relação à ecologia… em termos de avaliação, não haverá uma palavra sobre a pegada ecológica do evento? Sobre o sistema de gestão do lixo (ou sobre a ausência dele)?
O que se passou com a segurança? Havia muitos voluntários mas pareceu-me notório (cá está: eu fico com as minhas “impressões”, dada a ausência de elementos objectivos de avaliação) a ausência de pessoal um pouco mais “sénior”. Exemplo: eu estava na zona C2, mesmo junto ao “edifício” da imprensa; depois da tempestade entraram no nosso recinto (estava mesmo ao lado) primeiro uns jornalistas; só uns minutos depois, já o vento tinha amainado, aparece um casal do SAMUR com ar de quem anda a ver se há algum problema. Tanto quanto me apercebi, não havia ninguém preparado para contingências.
A verdade é que esta ausência de dados somada a doses massivas de spin não é exclusiva da JMJ. Em Portugal, pelo menos, é a prática habitual. Este pedido de dados não deve ser entendido como um reunir arsenais para um qualquer confronto. Os dados, nus, neutros quanto possível, são apenas um elemento útil para uma avaliação séria.
Continua...

2011/08/02

multiculturalismo da treta

O último número da Papers on Social Representations é sobre a solidariedade social. Hoje estive a ler BERRY John W.Integration and multiculturalism. ways towards social solidarity.
O artigo apresenta as ferramentas básicas para conhecer os processos pelos quais gurpos diferentes coexistem num mesmo espaço social.
Motivei-me ao tema porque me poderia dar algumas ideias de como é que um grupo que me interessa (a Igreja) se relaciona ou pode relacionar com o grupo mais amplo da sociedade.
Frustrante. O artigo apresenta-me alguma terminologia que eu não domino bem e que me enriquece. Mas é muito superficial, há artigos citados que não aparecem na bibliografia, simplista.
E esquece os princípios mais interessantes da TRS: como é que um grupo minoritário consegue alterar as representações de um grupo maior.