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2011/11/08
Ando a ler (3)
Finalmente acabei de ler WAGNER Wolfgang and HAYES Nick, El discurso de lo cotidiano y el sentido común. La teoria de las representaciones sociales, Barcelona, Anthropos Editorial, 2011. É um livro que saiu em espanhol em 2011. É uma apresentação avançada da teoria das representações sociais. Foge bastante aos livros do mesmo género, mais antigos. O peso da reflexão epistemológica é bastante mais consistente.
2009/12/08
Representação social e atitude
Isto da tese não tem andado tão depressa como eu gostaria.
Estou quase pronto a começar a aplicação dos questionários. Mas há questões de teoria metodológica que me estão a azucrinar.
Entretanto estou a ler ROSA AnnamariaSilvana de, Social representations and attitudes: problems of coherence between the theoretical definition and procedure of research em Papers on Social Representation 1993.
O artigo começa por ser uma comparação entre o conceito de RS e o conceito de atitude. Mas acaba por ser uma interessante reflexão sobre as questões metodológicas que a teoria da RS enfrenta. O problema é que é de 1993 e não integra os desenvolvimentos mais recentes.
A tese inicial é que muitas das dificuldades de aceitação da TRS vem de uma "nostalgia" da atitude.
A psicologia, ao longo de décadas tem tratado a "atitude" como um menino-lindo, que serve para tudo. Trocar isso pelo patinho feio da RS parece ser uma operação excessivamente arriscada.
A autora defende uma primeira tese, segundo a qual a RS é, ao mesmo tempo, um conceito heurístico e uma teoria; enquanto a "atitude" é usada com significados diferentes em diferentes teorias. Contra o "senso comum" existente entre muitos psicólogos, a atitude é tudo menos um conceito estável e unívoco.
É de reter a tabela em que Rosa faz uma comparação entre os princípios epistémicos da TRS e das abordagens mais cognitistas-individualistas.
(continua...
Estou quase pronto a começar a aplicação dos questionários. Mas há questões de teoria metodológica que me estão a azucrinar.
Entretanto estou a ler ROSA AnnamariaSilvana de, Social representations and attitudes: problems of coherence between the theoretical definition and procedure of research em Papers on Social Representation 1993.
O artigo começa por ser uma comparação entre o conceito de RS e o conceito de atitude. Mas acaba por ser uma interessante reflexão sobre as questões metodológicas que a teoria da RS enfrenta. O problema é que é de 1993 e não integra os desenvolvimentos mais recentes.
A tese inicial é que muitas das dificuldades de aceitação da TRS vem de uma "nostalgia" da atitude.
A psicologia, ao longo de décadas tem tratado a "atitude" como um menino-lindo, que serve para tudo. Trocar isso pelo patinho feio da RS parece ser uma operação excessivamente arriscada.
A autora defende uma primeira tese, segundo a qual a RS é, ao mesmo tempo, um conceito heurístico e uma teoria; enquanto a "atitude" é usada com significados diferentes em diferentes teorias. Contra o "senso comum" existente entre muitos psicólogos, a atitude é tudo menos um conceito estável e unívoco.
É de reter a tabela em que Rosa faz uma comparação entre os princípios epistémicos da TRS e das abordagens mais cognitistas-individualistas.
(continua...
2009/04/02
Consensualidade
Ando aqui às voltas a tentar redigir o esquema da tese. Só que para o fazer há que ter claro o que se quer. e aqui é que a porca torce o rabo!
A minha ideia era tentar determinar a configuração das várias representações sociais de Deus que há nos adolescentes portugueses. Mas a maior parte dos instrumentos desenvolvidos parte do pressuposto da consensualidade da RS dentro do grupo. Simplificando:
Hipótese 1: posso lançar-me a verificar as RS e tentar "partir" a coisa usando "taxonomic clusters" (idade, género, geografia...)
Hipótese 2: posso tentar definir grupos a partir de indicadores "religiosos"
Mas ambas as hipóteses partem do pressuposto que, no interior dos grupos definidos, a RS é consensual. Aliás este problema já foi denunciado por Bauer e Gaskell (Towards a paradigm for research on social representations, Journal for the Theory of Social Behaviour (1999).
Nesta altura (já estou por tudo) surge-me oura ideia: fazer um estudo de best & worst cases. Seleccionar casos de "sucesso" e "insucesso". Aí as coisas estariam bem segmentadas. E até dava para aprofundar mais, combinar uma análise mais quantitativa com outras qualitativas, mais apontadas ao aprofundamento.
Há por aí alguém que perceba alguma coisa disto?
A minha ideia era tentar determinar a configuração das várias representações sociais de Deus que há nos adolescentes portugueses. Mas a maior parte dos instrumentos desenvolvidos parte do pressuposto da consensualidade da RS dentro do grupo. Simplificando:
Hipótese 1: posso lançar-me a verificar as RS e tentar "partir" a coisa usando "taxonomic clusters" (idade, género, geografia...)
Hipótese 2: posso tentar definir grupos a partir de indicadores "religiosos"
Mas ambas as hipóteses partem do pressuposto que, no interior dos grupos definidos, a RS é consensual. Aliás este problema já foi denunciado por Bauer e Gaskell (Towards a paradigm for research on social representations, Journal for the Theory of Social Behaviour (1999).
Nesta altura (já estou por tudo) surge-me oura ideia: fazer um estudo de best & worst cases. Seleccionar casos de "sucesso" e "insucesso". Aí as coisas estariam bem segmentadas. E até dava para aprofundar mais, combinar uma análise mais quantitativa com outras qualitativas, mais apontadas ao aprofundamento.
Há por aí alguém que perceba alguma coisa disto?
2009/03/31
Núcleo central (2)
Continuando com o post anterior:
Remetendo para Flament, Abric estuda a relação entre a estrutura das RS e os seus processos de transformação.
Na relação entre práticas sociais e representações a pergunta decisiva é: o que acontece quando os actores sociais desenvolvem práticas sociais que contradizem o sistema de representação?
Ao ler isto, os meus sensores de alarme dispararam logo! é que isto pode ajudar a explicar muitas das trajectórias de abandono da fé e da Igreja.
Flament introduz o conceito de reversibilidade da situação para responder. Os actores sociais, numa prática contraditória com a RS podem considerar que a situação é irreversível (um regresso ao passado e às práticas anteriores) ou, pelo contrário que é reversível (o regresso às práticas anteriores é possível, sendo a situação actual apenas momentânea).
Se a situação for reversível, as novas práticas vão gerar modificações na RS. Os novos elementos serão integrados na RS, mas apenas através da transformação do sistema periférico; o sistema central mantém-se estável.
No caso de a situação ser percebida como irreversível, as novas práticas contraditórias vão ter consequências mais sérias. Há três transformações possíveis:
1) "resistir à transformação. São os casos onde as novas práticas ainda podem ser geridas pelo sistema periférico e pelos clássicos mecanismos de defesa;
2) Transformação progressiva. A mudança da RS ocorre sem rupturas, com adaptações suaves do núcleo central.
3) Transformação brutal. Quando as novas práticas desafiam o significado central da RS, sem possibilidade de recorrer a mecanismos de defesa.
Remetendo para Flament, Abric estuda a relação entre a estrutura das RS e os seus processos de transformação.
Na relação entre práticas sociais e representações a pergunta decisiva é: o que acontece quando os actores sociais desenvolvem práticas sociais que contradizem o sistema de representação?
Ao ler isto, os meus sensores de alarme dispararam logo! é que isto pode ajudar a explicar muitas das trajectórias de abandono da fé e da Igreja.
Flament introduz o conceito de reversibilidade da situação para responder. Os actores sociais, numa prática contraditória com a RS podem considerar que a situação é irreversível (um regresso ao passado e às práticas anteriores) ou, pelo contrário que é reversível (o regresso às práticas anteriores é possível, sendo a situação actual apenas momentânea).
Se a situação for reversível, as novas práticas vão gerar modificações na RS. Os novos elementos serão integrados na RS, mas apenas através da transformação do sistema periférico; o sistema central mantém-se estável.
No caso de a situação ser percebida como irreversível, as novas práticas contraditórias vão ter consequências mais sérias. Há três transformações possíveis:
1) "resistir à transformação. São os casos onde as novas práticas ainda podem ser geridas pelo sistema periférico e pelos clássicos mecanismos de defesa;
2) Transformação progressiva. A mudança da RS ocorre sem rupturas, com adaptações suaves do núcleo central.
3) Transformação brutal. Quando as novas práticas desafiam o significado central da RS, sem possibilidade de recorrer a mecanismos de defesa.
Núcleo central (1)
Num breve artigo (ABRIC Jean-Claude, Central system, peripheral system: their functions in the dynamics of social representations em Papers on Social Representation (1993), 2, Abric apresenta algumas ideias a reter.
Há duas características das RS que parecem contraditórias:
1: São, ao mesmo tempo, estáveis e mutáveis;
2: Consensuais mas marcadas por fortes diferenças inter-individuais.
Para explicar esta aparente contradição, Abric explica que as RS têm duas componentes: o núcleo central e os elementos periféricos.
O núcleo central tem as seguintes características:
>> É determinado pelas condições históricas, sociais e ideológicas. Muito marcado pela memória colectiva do grupo e pelo sistema de normas a que se refere.
>> A sua função é consensual. Assegura a homogeneidade do grupo.
>> É estável, coerente, resiste à mudança.
>> É relativamente independente do imediato contexto social.
O sistema periférico actua como complemento ao sistema central de que depende.
Se o sistema central é essencialmente normativo, o sistema periférico é funcional. Sem ele, a RS não se poderia enraizar no momento concreto.
A sua 1ª função é habilitar o sistema central a definir um curso de acção.
Ao contrário do sistema central, o periférico é muito mais sensível ao contexto imediato. Actua como um interface entre o contexto e o sistema central.
Desempenha ainda uma 2ª função: regula a relação entre o nucleo e a realidade externa.
Tem ainda uma 3ª função: Permite uma certa modulação individual da RS. A sua flexibilidade permite ao sujeito a integração entre a história pessoal e a RS
Há duas características das RS que parecem contraditórias:
1: São, ao mesmo tempo, estáveis e mutáveis;
2: Consensuais mas marcadas por fortes diferenças inter-individuais.
Para explicar esta aparente contradição, Abric explica que as RS têm duas componentes: o núcleo central e os elementos periféricos.
O núcleo central tem as seguintes características:
>> É determinado pelas condições históricas, sociais e ideológicas. Muito marcado pela memória colectiva do grupo e pelo sistema de normas a que se refere.
>> A sua função é consensual. Assegura a homogeneidade do grupo.
>> É estável, coerente, resiste à mudança.
>> É relativamente independente do imediato contexto social.
O sistema periférico actua como complemento ao sistema central de que depende.
Se o sistema central é essencialmente normativo, o sistema periférico é funcional. Sem ele, a RS não se poderia enraizar no momento concreto.
A sua 1ª função é habilitar o sistema central a definir um curso de acção.
Ao contrário do sistema central, o periférico é muito mais sensível ao contexto imediato. Actua como um interface entre o contexto e o sistema central.
Desempenha ainda uma 2ª função: regula a relação entre o nucleo e a realidade externa.
Tem ainda uma 3ª função: Permite uma certa modulação individual da RS. A sua flexibilidade permite ao sujeito a integração entre a história pessoal e a RS
2009/03/30
Ponto de situação
Cá ando às voltas com a TRS.
Nos últimos tempos tenho andado a ler umas coisas sobre a metodologia. E as partes mais bem conseguidas estão na perspectiva da teoria do núcleo central (cfr Abric...).
E muito bem: não basta determinar qual é o conteúdo das RS; há que perceber também qual é a sua estrutura.
Mas, e pergunto eu com a Jodelet, onde ficam os processos (ancoragem, objectivação)?
É que boa parte do que leio, deixa isso de lado?
E a questão dos "themata" onde fica?
Apesar disso cada vez mais me convenço do mérito da TRS para estudar a construção da imagem de Deus.
As abordagens feitas até aqui ou assumem um carácter positivista que não resiste à crítica legítima ou remetem para uma fragmentação radical (religião faça você mesmo) que impede o conhecimento (que é sempre conhecimento do geral) e também uma prática pensada e crítica.
A sugestão que cada um elabora a sua própria imagem de Deus, a partir da sua individualidade radical não parece resistir. Haverá tantas imagens de Deus quantas pessoas? Ou não será que apesar de tudo cada um constrói a sua imagem a partir de esquemas, representações, socialmente disponíveis em número relativamente limitado.
A abordagem da TRS também poderá ajudar a perceber-interpretar melhor a questão do apofatismo (Gallo), em que as pessoas, acreditando em Deus, não o verbalizam.
Precisamente a hipótese da zona muda das RS pode ajudar a explicar isso.
Nos últimos tempos tenho andado a ler umas coisas sobre a metodologia. E as partes mais bem conseguidas estão na perspectiva da teoria do núcleo central (cfr Abric...).
E muito bem: não basta determinar qual é o conteúdo das RS; há que perceber também qual é a sua estrutura.
Mas, e pergunto eu com a Jodelet, onde ficam os processos (ancoragem, objectivação)?
É que boa parte do que leio, deixa isso de lado?
E a questão dos "themata" onde fica?
Apesar disso cada vez mais me convenço do mérito da TRS para estudar a construção da imagem de Deus.
As abordagens feitas até aqui ou assumem um carácter positivista que não resiste à crítica legítima ou remetem para uma fragmentação radical (religião faça você mesmo) que impede o conhecimento (que é sempre conhecimento do geral) e também uma prática pensada e crítica.
A sugestão que cada um elabora a sua própria imagem de Deus, a partir da sua individualidade radical não parece resistir. Haverá tantas imagens de Deus quantas pessoas? Ou não será que apesar de tudo cada um constrói a sua imagem a partir de esquemas, representações, socialmente disponíveis em número relativamente limitado.
A abordagem da TRS também poderá ajudar a perceber-interpretar melhor a questão do apofatismo (Gallo), em que as pessoas, acreditando em Deus, não o verbalizam.
Precisamente a hipótese da zona muda das RS pode ajudar a explicar isso.
2009/03/28
Por onde lhe pegar?
Cada vez mais acho que a TRS serve de forma ímpar para o conhecimento da realidade, também em termos da experiência religiosa :)
O problema é que quando mais estudo a dita TRS, mais alargada me parece a coisa. E há que fazer opções. Há um certo consenso que a pluralidade temática e metodológica da TRS não é uma fragilidade mas um indicador da sua riqueza conceptual. Tudo bem. Mas às vezes, preferia uma teoria mais humilde.
É preciso distinguir três orientações principais:
>> A incidência da estrutura social na elaboração de uma RS (Doise)
>> A dinâmica representacional e as suas características estruturais, mormente em relação com as práticas sociais (Abric);
>> O papel regulador das RS sobre as interacções sociais (Jodelet).
O problema é que quando mais estudo a dita TRS, mais alargada me parece a coisa. E há que fazer opções. Há um certo consenso que a pluralidade temática e metodológica da TRS não é uma fragilidade mas um indicador da sua riqueza conceptual. Tudo bem. Mas às vezes, preferia uma teoria mais humilde.
É preciso distinguir três orientações principais:
>> A incidência da estrutura social na elaboração de uma RS (Doise)
>> A dinâmica representacional e as suas características estruturais, mormente em relação com as práticas sociais (Abric);
>> O papel regulador das RS sobre as interacções sociais (Jodelet).
TRS e barreiras semânticas
Alex GILLESPIE (Social representations, alternative representations and semantic barriers aprofunda o tema da pluralidade de RS.
Ele segue a tese segundo a qual a comunicação exige uma comunidade de representações mas também uma diferença. A possibilidade da comunicação nasce da semelhança mas a necessidade da comunicação nasce da diferença.
E sugere que a comunicação pressupõe não só a diferença como também a representação da diferença.
E fala das representações alternativas (=RA): são a representação de uma visão alternativa, no interior da própria RS.
As representações alternativas não são a representação dos outros mas as ideias que lhes atribuímos.
A existência de RA no interior das RSsão uma consequência necessária na existência de uma pluralidade de representações. E as RA são, ao mesmo tempo, desestabilizadoras e protectivas. Podem desestabilizar porque introduzem as alternativas no interior das representações existentes; mas podem proteger porque "estereotipam" essa alternativa.
As representações hegemónicas não têm RA. Nesse sentido são incapazes de dialogar. A questão que se pões é a da possibilidade da existência de RS hegemónicas numa cultura tão fragmentária como a nossa.
As representações emancipadas nascem precisamente num contexto de abertura e de diálogo com alternativas.
E também as representações polémicas, que nascem num conflito ideológico inter-grupo, tendem a ter uma RA principal. Mas não há diálogo entre a RS e a RA.
Perguntando-se porque é que a RA numa representação polémica é resistente ao diálogo, ele introduz o conceito de barreira semântica.
E identifica 7: Oposição rígida; transferência de significado, pensamentos proibidos, Separação, Estigma, Sabotagem da motivação, Suspensão.
Ele segue a tese segundo a qual a comunicação exige uma comunidade de representações mas também uma diferença. A possibilidade da comunicação nasce da semelhança mas a necessidade da comunicação nasce da diferença.
E sugere que a comunicação pressupõe não só a diferença como também a representação da diferença.
E fala das representações alternativas (=RA): são a representação de uma visão alternativa, no interior da própria RS.
As representações alternativas não são a representação dos outros mas as ideias que lhes atribuímos.
A existência de RA no interior das RSsão uma consequência necessária na existência de uma pluralidade de representações. E as RA são, ao mesmo tempo, desestabilizadoras e protectivas. Podem desestabilizar porque introduzem as alternativas no interior das representações existentes; mas podem proteger porque "estereotipam" essa alternativa.
As representações hegemónicas não têm RA. Nesse sentido são incapazes de dialogar. A questão que se pões é a da possibilidade da existência de RS hegemónicas numa cultura tão fragmentária como a nossa.
As representações emancipadas nascem precisamente num contexto de abertura e de diálogo com alternativas.
E também as representações polémicas, que nascem num conflito ideológico inter-grupo, tendem a ter uma RA principal. Mas não há diálogo entre a RS e a RA.
Perguntando-se porque é que a RA numa representação polémica é resistente ao diálogo, ele introduz o conceito de barreira semântica.
E identifica 7: Oposição rígida; transferência de significado, pensamentos proibidos, Separação, Estigma, Sabotagem da motivação, Suspensão.
Epistemologia da TRS
A partir do artigo MARKOVÁ Ivana 2008 The epistemological significance of the theory of social representations. Journal for the Theory of Social Behaviour 38(4):461-487.
A autora tenta estudar a dificuldade de acolhimento da TRS no âmbito da psicologia social a partir de questões paradigmáticas e epistemológicas.
Apresenta a tese que o salto ocorrido na física entre uma física (e epistemologia) newtoniana e einsteiniana ainda não ocorreu na psicologia (e na psicologia social em particular).
A maioria da psicologia depende ainda da visão mecanicista e empiricista de Newton.
A TRS assume-se como seguidora do paradigma de Einstein e do seu triângulo de relações.
O primeiro lado desse triângulo é a relação entre epistemologia e ciência. Para Einstein há uma relação recíproca entre ambas, cada uma dependente da outra.
O segundo lado é a relação entre teoria e experiência. A praxis tradicional diz que a teoria deve ser deduzida da experiência por abstracção lógica e que a teoria é falsifica por resultados experimentais que a contradigam. Mas não é a abordagem de Einstein. Os conceitos são invenções livres do espírito humano, não são deduzidos por abstracção.
O terceiro lado é o argumento contra as explicações dos efeitos a partir das suas causas.
Epistemologia interaccional
Muita da dificuldade em entender a TRS é tentar fazê-lo a partir do paradigma mecanicista em vez de usar uma epistemologia interaccional.
A TRS explora a realidade social dos fenómenos nas suas interdependências e dinâmicas. Ela pressupõe interacção entre os fenómenos sociais e não a existência de categorias simples. Assume que o pensamento natural e a comunicação são multifacetados e heterogéneos. Interessa-se mais pela interacção entre os sujeitos do que pelo comportamento dos agentes isolados.
Nesta abordagem (TRS) uma representação é gerada conjuntamente pelo eu e pelo outro.
O que separa as epistemologias de Newton e de Einstein é o conceito de interacção entre o eu e o outro na produção de conhecimento (representação). Na epistemologia de Newton o eu, independentemente do social, gera a representação a partir do objecto.
Esta triangularidade leva a explorar outras componentes do processo de geração social do conhecimento: tempo, cultura…. À figura base do triângulo, acrescenta-se uma dimensão temporal. (O que leva à metáfora do Toblerone, o famoso chocolate suíço).
Uma abordagem newtoniana exige uma operacionalização dos conceitos como princípio metodológico. Mas a natureza relacional das RS, leva a que o critério de verdade baseado na correspondência entre os fenómenos sociais complexos e a medição não fça muito sentido. Porquê? Porque entender as RS como fenómenos mentais de nível individual originados em acções ou interacções, passa completamente ao lado da questão.
O modelo habitual em psicologia propõe um conhecedor passivo e um objecto a ser descoberto. A TRS propõe que a representação deva ser considerado em modo activo: as representações são modalidades de conhecimento e a sua função é moldar actividades, comunicação e criar realidade. Conceber as RS como pequenas entidades estáveis é tentar interpretar o electromagnetismo em termos mecanicistas.
Teoria é método da TRS
A ciência pré-Einstein é “data-driven” e não “theory-driven”, o que leva à centralidade do método.
A TRS está aberta a uma pluralidade de métodos; todos servem desde qu sirvam para resolver o problema.
Pensamento natural e polifasia cognitiva
As pessoas usam vários modos de comunicação e pensamento. Por isso, o pensamento humano está cheio de contradições, é influenciado pelo pensar dos outros e pelos contextos históricos e culturais que nos rodeiam.
Tudo isso leva à hipótese da polifasia cognitiva, a possibilidade de cada um ter variadas práticas comunicativas ao mesmo tempo.
A autora tenta estudar a dificuldade de acolhimento da TRS no âmbito da psicologia social a partir de questões paradigmáticas e epistemológicas.
Apresenta a tese que o salto ocorrido na física entre uma física (e epistemologia) newtoniana e einsteiniana ainda não ocorreu na psicologia (e na psicologia social em particular).
A maioria da psicologia depende ainda da visão mecanicista e empiricista de Newton.
A TRS assume-se como seguidora do paradigma de Einstein e do seu triângulo de relações.
O primeiro lado desse triângulo é a relação entre epistemologia e ciência. Para Einstein há uma relação recíproca entre ambas, cada uma dependente da outra.
O segundo lado é a relação entre teoria e experiência. A praxis tradicional diz que a teoria deve ser deduzida da experiência por abstracção lógica e que a teoria é falsifica por resultados experimentais que a contradigam. Mas não é a abordagem de Einstein. Os conceitos são invenções livres do espírito humano, não são deduzidos por abstracção.
O terceiro lado é o argumento contra as explicações dos efeitos a partir das suas causas.
Epistemologia interaccional
Muita da dificuldade em entender a TRS é tentar fazê-lo a partir do paradigma mecanicista em vez de usar uma epistemologia interaccional.
A TRS explora a realidade social dos fenómenos nas suas interdependências e dinâmicas. Ela pressupõe interacção entre os fenómenos sociais e não a existência de categorias simples. Assume que o pensamento natural e a comunicação são multifacetados e heterogéneos. Interessa-se mais pela interacção entre os sujeitos do que pelo comportamento dos agentes isolados.
Nesta abordagem (TRS) uma representação é gerada conjuntamente pelo eu e pelo outro.
O que separa as epistemologias de Newton e de Einstein é o conceito de interacção entre o eu e o outro na produção de conhecimento (representação). Na epistemologia de Newton o eu, independentemente do social, gera a representação a partir do objecto.
Esta triangularidade leva a explorar outras componentes do processo de geração social do conhecimento: tempo, cultura…. À figura base do triângulo, acrescenta-se uma dimensão temporal. (O que leva à metáfora do Toblerone, o famoso chocolate suíço).
Uma abordagem newtoniana exige uma operacionalização dos conceitos como princípio metodológico. Mas a natureza relacional das RS, leva a que o critério de verdade baseado na correspondência entre os fenómenos sociais complexos e a medição não fça muito sentido. Porquê? Porque entender as RS como fenómenos mentais de nível individual originados em acções ou interacções, passa completamente ao lado da questão.
O modelo habitual em psicologia propõe um conhecedor passivo e um objecto a ser descoberto. A TRS propõe que a representação deva ser considerado em modo activo: as representações são modalidades de conhecimento e a sua função é moldar actividades, comunicação e criar realidade. Conceber as RS como pequenas entidades estáveis é tentar interpretar o electromagnetismo em termos mecanicistas.
Teoria é método da TRS
A ciência pré-Einstein é “data-driven” e não “theory-driven”, o que leva à centralidade do método.
A TRS está aberta a uma pluralidade de métodos; todos servem desde qu sirvam para resolver o problema.
Pensamento natural e polifasia cognitiva
As pessoas usam vários modos de comunicação e pensamento. Por isso, o pensamento humano está cheio de contradições, é influenciado pelo pensar dos outros e pelos contextos históricos e culturais que nos rodeiam.
Tudo isso leva à hipótese da polifasia cognitiva, a possibilidade de cada um ter variadas práticas comunicativas ao mesmo tempo.
2009/03/25
Empirical approaches to social representations
Logo de manhã fui buscar este livro: BREAKWELL Glynis M.//CANTER David V., Empirical approaches to social representations.
É uma compilação de textos sobre metodologia em TRS.
Tirou-me um grande peso dos ombros. Depois do dia de ontem, em que estive completamente aos papéis, sabe bem ler um livro que explica bem as coisas, bem escrito.
Já li os dois primeiros textos e estou a gostar. Ainda são de tipo teorético mas isto promete.
O que não percebo é o preço do livro: 51 libras usados!
É um livro de 1993, cartonado, 340 páginas.
Já reparei que há uma série de livros, mais especializados que custam couro e cabelo.
Onde é que eles vão fabricar estes preços?
Era o tipo de livro que, a confirmar-se a qualidade, poderia interessar-me como obra de referência. Por este preço, no way!!!
Aliás, só para desabafo, os artigos eletrónicos também estão pela hora da morte: 20-30 € por um artigo! Are you kidding?
A chatice são aquelas revistas que não sei onde encontrar.
É uma compilação de textos sobre metodologia em TRS.
Tirou-me um grande peso dos ombros. Depois do dia de ontem, em que estive completamente aos papéis, sabe bem ler um livro que explica bem as coisas, bem escrito.
Já li os dois primeiros textos e estou a gostar. Ainda são de tipo teorético mas isto promete.
O que não percebo é o preço do livro: 51 libras usados!
É um livro de 1993, cartonado, 340 páginas.
Já reparei que há uma série de livros, mais especializados que custam couro e cabelo.
Onde é que eles vão fabricar estes preços?
Era o tipo de livro que, a confirmar-se a qualidade, poderia interessar-me como obra de referência. Por este preço, no way!!!
Aliás, só para desabafo, os artigos eletrónicos também estão pela hora da morte: 20-30 € por um artigo! Are you kidding?
A chatice são aquelas revistas que não sei onde encontrar.
2009/03/21
Representações sociais e atitudes (4)
Do consensual ao reificado: representação social das atitudes
Há um certo debate acerca da continuidade e/ou complementaridade dos conceitos de RS e atitude.
Mas Howarth defende que as diferenças são profundas. As atitudes nascem numa psicologia de paradigma cartesiano, com um forte dualismo entre corpo-alma, eu-outro, indivíduo-sociedade. A mente é concebida não só como separada do corpo mas também do mundo material e social. Neste paradigma não é possível pensar um “eu social”.
Moscovici ao lançar a TRS usa um paradigma hegeliano, onde as contradições são subsumidas numa síntese.
Pode-se ainda recuperar a distinção que Dewey faz entre concepções mecânicas e orgânicas da sociedade.
As TRS assentam na concepção de relações mutuamente constitutivas entre o indivíduo e o mundo onde se vive.
Atitudes e RS vêm de paradigmas diferentes, têm linguagens diferentes. Por causa do dualismo cartesiano subjacente, os teóricos das atitudes não conseguem analisar as relações entre indivíduo e mundo.
A partir daqui, a autora vai tentar perceber, usando a grelha de análise da TRS, como é que se chegou à teoria das atitudes. Precisamente porque a RS da pessoa como indivíduo se expandiu, chegou-se a uma teoria reificada dessa RS. “A RS das atitudes deriva directamente da RS do indivíduo” (p. 21).
Há um certo debate acerca da continuidade e/ou complementaridade dos conceitos de RS e atitude.
Mas Howarth defende que as diferenças são profundas. As atitudes nascem numa psicologia de paradigma cartesiano, com um forte dualismo entre corpo-alma, eu-outro, indivíduo-sociedade. A mente é concebida não só como separada do corpo mas também do mundo material e social. Neste paradigma não é possível pensar um “eu social”.
Moscovici ao lançar a TRS usa um paradigma hegeliano, onde as contradições são subsumidas numa síntese.
Pode-se ainda recuperar a distinção que Dewey faz entre concepções mecânicas e orgânicas da sociedade.
As TRS assentam na concepção de relações mutuamente constitutivas entre o indivíduo e o mundo onde se vive.
Atitudes e RS vêm de paradigmas diferentes, têm linguagens diferentes. Por causa do dualismo cartesiano subjacente, os teóricos das atitudes não conseguem analisar as relações entre indivíduo e mundo.
A partir daqui, a autora vai tentar perceber, usando a grelha de análise da TRS, como é que se chegou à teoria das atitudes. Precisamente porque a RS da pessoa como indivíduo se expandiu, chegou-se a uma teoria reificada dessa RS. “A RS das atitudes deriva directamente da RS do indivíduo” (p. 21).
Representações sociais e atitudes (3)
Mudanças na conceptualização das atitudes
O que diferencia, e, ao limite, torna incompatíveis, o conceito de atitude e o de RS é a diferente concepção do interface indivíduo-sociedade.
Por razões várias tem-se observado uma crescente individualização do conceito de atitude. E foi uma reacção contra a cultura individualista que levou ao desenvolvimento da TRS.
Mas não seria possível acrescentar uma perspectiva mais social ao estudo das atitudes? A autora identifica algumas tentativas nesse sentido mas mostra-se crítica quanto à qualidade “social” desses esforços. Essas tentativas reconhecem um papel ao social nos conteúdos, nas origens… mas não agarram os processos sociais subjacentes.
“Até à data não há exemplos reconhecidos no campo das ‘atitudes’ que incorporem a relação, interactiva e mutuamente constitutiva, que há entre o ‘individual’ e o ‘social’”. (p. 16)
O que diferencia, e, ao limite, torna incompatíveis, o conceito de atitude e o de RS é a diferente concepção do interface indivíduo-sociedade.
Por razões várias tem-se observado uma crescente individualização do conceito de atitude. E foi uma reacção contra a cultura individualista que levou ao desenvolvimento da TRS.
Mas não seria possível acrescentar uma perspectiva mais social ao estudo das atitudes? A autora identifica algumas tentativas nesse sentido mas mostra-se crítica quanto à qualidade “social” desses esforços. Essas tentativas reconhecem um papel ao social nos conteúdos, nas origens… mas não agarram os processos sociais subjacentes.
“Até à data não há exemplos reconhecidos no campo das ‘atitudes’ que incorporem a relação, interactiva e mutuamente constitutiva, que há entre o ‘individual’ e o ‘social’”. (p. 16)
Representações sociais e atitudes (2)
Atitudes e representações sociais: uma distinção básica
As definições de atitude são inúmeras. Mas tendem a partilhar a noção que, diante de um objecto há uma atitude latente que se vai exprimir num contexto “neutral”. A atitude não corresponde ao comportamento; influencia-o. As atitudes são uma propriedade dos indivíduos. Estes são vistos de forma isolada, dissociados do seu ambiente social, recebendo informação e reagindo a ela. Algumas abordagens têm em conta o ambiente, mas mais como uma variável de fundo. Não se explora o facto de o indivíduo poder influenciar o ambiente e vice-versa. Além disso, a teoria das atitudes não consegue explorar como as atitudes são partilhadas, como certas atitudes se relacionam com outras, qual a relação entre atitudes e identidades e como é que certas atitudes podem influir na sociedade como um todo.
Uma primeira função das RS é dotar o nosso mundo de uma ordem negociada (e, por isso mesmo, negociável) que enquadre objectos, pessoas e acontecimentos.
Para a TRS, os indivíduos são vistos como alguém que activamente participa na construção do ambiente. As RS diferem das atitudes porque não podem ser formadas pelos indivíduos isolados. As RS são moldadas na interacção, no diálogo e na prática com os outros.
Uma segunda função das RS é permitir a comunicação entre membros de uma comunidade, ao fornecer-lhes um código para a interacção social e um código comum para entender a realidade onde existem.
Uma oura função das RS é prescritiva. As RS são partilhadas e tendem a impor-se. O que é prescritivo nas RS é o processo de re-presentação em si mesmo. Não pode haver comunicação dentro de uma sociedade ou grupo sem representação. Isto não quer dizer que a TRS negue o livre arbítrio ou a possibilidade da mudança social. As RS só existem na medida em que circulam em constantes cambiantes, pois são interpretadas e reelaboradas pelos sujeitos. Por isso as RS podem conter doses elevadas de conflito e contradição. Um campo representacional “permite” contradição, fragmentação, negociação e debate.
A TRS permite a conceptualização da polifasia cognitiva. Isto não só permite inconsistências nas RS mas teoriza que essas contradições são centrais para a comunicação, a interacção e a prática social.
Resumindo: o que a teoria das atitudes e a TRS estudam seja semelhante em termos de conteúdo, as suas perspectivas não poderiam ser mais diferentes. As atitudes partem do indivíduo. As RS partem do conhecimento social. As RS são diferentes das atitudes porque existem fora do indivíduo tal como na mente do indivíduo.
As definições de atitude são inúmeras. Mas tendem a partilhar a noção que, diante de um objecto há uma atitude latente que se vai exprimir num contexto “neutral”. A atitude não corresponde ao comportamento; influencia-o. As atitudes são uma propriedade dos indivíduos. Estes são vistos de forma isolada, dissociados do seu ambiente social, recebendo informação e reagindo a ela. Algumas abordagens têm em conta o ambiente, mas mais como uma variável de fundo. Não se explora o facto de o indivíduo poder influenciar o ambiente e vice-versa. Além disso, a teoria das atitudes não consegue explorar como as atitudes são partilhadas, como certas atitudes se relacionam com outras, qual a relação entre atitudes e identidades e como é que certas atitudes podem influir na sociedade como um todo.
Uma primeira função das RS é dotar o nosso mundo de uma ordem negociada (e, por isso mesmo, negociável) que enquadre objectos, pessoas e acontecimentos.
Para a TRS, os indivíduos são vistos como alguém que activamente participa na construção do ambiente. As RS diferem das atitudes porque não podem ser formadas pelos indivíduos isolados. As RS são moldadas na interacção, no diálogo e na prática com os outros.
Uma segunda função das RS é permitir a comunicação entre membros de uma comunidade, ao fornecer-lhes um código para a interacção social e um código comum para entender a realidade onde existem.
Uma oura função das RS é prescritiva. As RS são partilhadas e tendem a impor-se. O que é prescritivo nas RS é o processo de re-presentação em si mesmo. Não pode haver comunicação dentro de uma sociedade ou grupo sem representação. Isto não quer dizer que a TRS negue o livre arbítrio ou a possibilidade da mudança social. As RS só existem na medida em que circulam em constantes cambiantes, pois são interpretadas e reelaboradas pelos sujeitos. Por isso as RS podem conter doses elevadas de conflito e contradição. Um campo representacional “permite” contradição, fragmentação, negociação e debate.
A TRS permite a conceptualização da polifasia cognitiva. Isto não só permite inconsistências nas RS mas teoriza que essas contradições são centrais para a comunicação, a interacção e a prática social.
Resumindo: o que a teoria das atitudes e a TRS estudam seja semelhante em termos de conteúdo, as suas perspectivas não poderiam ser mais diferentes. As atitudes partem do indivíduo. As RS partem do conhecimento social. As RS são diferentes das atitudes porque existem fora do indivíduo tal como na mente do indivíduo.
Representações sociais e atitudes (1)
Um artigo de Howarth pode ajudar-me muito.
(HOWARTH Caroline Susannah 2006: 691-714)(HOWARTH Caroline Susannah 2006 How social representations of attitudes have informed attitude theories: the consensual and the reified. Theory and psychology 16(5):691-714.)
Este artigo não aparece isolado. Há (ou houve) um debate mais ou menos latente entre uma psicologia social “europeia” (mais atenta ao social) e uma outra “americana” (mais atenta ao individual-psicológico).
Howarth tenta perceber como é que um constructo como atitude que nasce com uma forte componente social (cfr Thomas & Znaniecki) evolui para uma perspectiva muito mais individualista. “É minha intenção mostrar como a progressiva individualização da psicologia social conduziu a um intendimento extremamente estreito das atitudes, focado quase exclusivamente no indivíduo descontextualizado e em versões (quase) associais e apolíticas dos seres sociais.” (p. 5)
Ela reconhece que houve ao longo da história da psicologia tentativas de “colocar o social de volta à psicologia social”.
Para perceber o que se passou ela vai usar a teoria da representação social (= TRS) para comparar e contrastar o conteúdo das teorias das atitudes e das representações sociais.
(HOWARTH Caroline Susannah 2006: 691-714)(HOWARTH Caroline Susannah 2006 How social representations of attitudes have informed attitude theories: the consensual and the reified. Theory and psychology 16(5):691-714.)
Este artigo não aparece isolado. Há (ou houve) um debate mais ou menos latente entre uma psicologia social “europeia” (mais atenta ao social) e uma outra “americana” (mais atenta ao individual-psicológico).
Howarth tenta perceber como é que um constructo como atitude que nasce com uma forte componente social (cfr Thomas & Znaniecki) evolui para uma perspectiva muito mais individualista. “É minha intenção mostrar como a progressiva individualização da psicologia social conduziu a um intendimento extremamente estreito das atitudes, focado quase exclusivamente no indivíduo descontextualizado e em versões (quase) associais e apolíticas dos seres sociais.” (p. 5)
Ela reconhece que houve ao longo da história da psicologia tentativas de “colocar o social de volta à psicologia social”.
Para perceber o que se passou ela vai usar a teoria da representação social (= TRS) para comparar e contrastar o conteúdo das teorias das atitudes e das representações sociais.
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