2009/09/29

Aquecimento global?

Tem pouco a ver com investigação em teologia pastoral, mas convido a ler isto.
Mais dados a sugerir que não só a teoria do aquecimento global antropogénico não tem fundamento como pode até ser intencionalmente aldrabada.
O que é só um alerta para a qualidade da metodologia.

2009/09/28

depois das eleiçõs

As legislativas foram ontem.
Daqui a 15 dias há autárquicas. Uma pergunta que faço a mim mesmo. É uma pergunta de teologia pastoral. Não "operacional"-
Não ficaram com a sensação que nste clima de urgência e/ou de emergência nós Igreja não tínhamos nada a dizer ao país?
Não perco tempo com aqueles epifenómenos de padres candidatos ou mandatários do BE (essa então, perte-me todo!).
Mas atendendo a que estas eleições foram as mais "plitizadas" desde há muitos anos não seria expectável que nós Igreja, publicamente, tivéssemos algo a dizer?

2009/09/22

Educação cristã: um serviço e um compromisso

Não sei se sabem mas de 4 a 11 de Outubro vai celebrar-se a semana da educação cristã. Dá-me a sensação que é uma iniciativa que passa muito ao lado das nossas comunidades cristãs, o que é pena
Devo confessar que também eu não me mobilizo muito. Mas este ano, fui ler a mensagem da semana.
Não a acho particularmente relevante mas isso pode dever-se a distracção minha. Diz umas coisas genéricas e verdadeiras sobre educação e (ponto positivo) tenta ligar a educação cristã ao ano sacerdotal.
Claro que se usa muito a expressão educação cristã; estando eu fora de contexto posso não saber exactamente o alcance da expressão. Mas, supostamente, seria a catequese, a ERMC, a pastoral de jovens, a escola católica... Bom: fala-se apenas de catequese e de ERMC.
Além disso há uma perplexidade que me apareceu.
Leiam por favor o nº 2:
2. A Igreja sempre assumiu a educação como um imperativo da sua missão evangelizadora, consciente de que é através da educação que se constrói a realização humana e o futuro da própria humanidade. Por isso, empenha-se em promover a educação cristã, como um serviço e um compromisso: serviço do “homem novo” (2) e de uma sociedade renovada, nos quais estão directamente envolvidos a Família, a Escola, a Paróquia e os Movimentos e Associações laicais.
Isto não vos soa estranho? É que este elenco dos "agentes" da educação cristã inclui a paróquia... só muito wishfull thinking!
E porque é que não inclui os religiosos?
Esta "exclusão" aparece também em 3.2: 3.2. A educação cristã não se restringe à Catequese. Começa na Família e prolonga-se na Escola, que lhe presta um contributo subsidiário, sendo frequentemente apoiada, mormente nos adultos, pelos Movimentos e Associações laicais.

2009/09/20

Moção sobre educação (MCE)

O Movimento Católico de estudantes, publicou uma moção sobre educação, na sequência do seu 30º conselho nacional.
Porque falam de coisas que também me interessam, gostaria de partilhar aqui algumas ideias. Como sempre, aviso que não quero julgar nada nem ninguém; apenas pensar alto.

Português
Não sei se a moção foi redigida altas horas da noite, se houve dificuldade a chegar a consensos... mas o português onde aquilo está redigido é bastante difícil de ler. Isto já vai sendo uma mania que nós temos em Igreja: escrever complicado e sem respeito pela paciência dos possíveis leitores.

As ideias
Não conheço a tradição do MCE e das suas moções. Mas fiquei com uma sensação triste ao ler este texto. A respeito de educação faz umas declarações soleníssimas, genéricas mas com pouca atenção à pluralidade cultural que existe hoje. Nota-se que estão dominados pelo binómio educação-escola; e passam ao lado da pluralidade de plataformas que hoje, melhor ou pior, com mais ou menos valores, fazem educação: os media, as redes sociais, a internet...

As pérolas
A escola deve ser o motor primordial de desenvolvimento cultural de cada indivíduo, NO WAY! Porque é que a escola tem de ser isso? Quem disse? O sujeito não pode escolher onde faz o seu desenvolvimento cultural? Este é mais um daqueles exemplos de "dogmatismo" nos agentes eclesiais: por qualquer razão, mete-se uma ideia (até boa) na cabeça e toca a debotar isso como dogma; sem verificar se isso acontece mesmo; sem distinguir entre o que é e o que deve ser; e, claro, sem identificar o que é necessário para passar do real ao ideal.

Afirmar, conscientemente, a importância da reflexão e integração dos valores na educarão em escola, é também sublinhar que se torna sumariamente fundamental, garantir nas primeiras fases do percurso escolar, que esta seja reconhecida, significativamente, nos sistemas de avaliação do aluno, de forma que este tenha consciência da importância destes valores na sua vida.
Juro que não é por maldade que vos obrigo a ler este parágrafo. Não é falta de cultura tua; a frase é mesmo difícil de entender. Se eu entendo bem a ideia é que a escola deve apostar forte numa educação aos valores. (Não explicam bem quais são, como gerir a pluralidade que há sobre quais deveriam ser.) E para isso, "nas primeiras fases do percurso escolar" (até onde é que isso vai?) o empenho dos alunos nessa educação aos valores deveria entrar na nota. Percebi bem? Já viram até que ponto isto é reaccionário? E perigoso? Como é que se avalia a "importância da reflexão e integração dos valores"? Pela capacidade de elaborar um discurso "politicamente correcto"? Por ser "um menino bem comportado"?

Esta é a era dos números e das percentagens, das estatísticas. Mais do que isto, preferimos a qualidade do ensino, a garantia de melhores espaços de educação, das melhores práticas e metodologias, do maior e melhor desenvolvimento.
Mais poesia perigosa. Em vez de fazerem uma crítica a sério dos pressupostos epistemológicos que podem estar por detrás das várias utilizações das estatísticas e dos métodos de avaliação, em vez de denunciar o uso fraudulento que este governo tem feito dos números na educação, decidem abaondonar a "frieza" dos números em favor de uma vaga e indefinida qualidade. E deixam por responder algumas coisas: Como é que se verifica essa qualidade? Quem é que define o que é qualidade?
Continua

O futuro da educação passa por exigir de cada um de nós a certeza de que as práticas educativas deixarão de ser instrumentalizadas e de se encontrar ao serviço de interesses alheios, perdendo o seu verdadeiro sentido.
Quais interesses alheios?


garantir que todo o processo educativo tem, antes de mais, presente o desenvolvimento livre de cada indivíduo, oferecendo-lhe oportunidades, contrariamente ao que tem acontecido: criar-lhe apenas condições.

Mais uma vez, é melhor nem comentar o português. Mas há aqui mais coisas. Se bem percebo, estão em oposição "oferecendo-lhe oportunidades" a "criar-lhe apenas condições", sendo esta uma situação a evitar. ?!?!
O que é que isto quer dizer? Para lá do "gozo" que pode dar a confusão de ideias e de português talvez haja aqui matéria para objecções mais sérias. A educação que se deseja deveria,s e bem entendo, ir mais além do que dar às pessoas condições.
É isso? Mas então consiste em quê? Em renunciar ao princípio da responsabilidade e liberdade pessoal, que, julgava eu, era uma "verdade" quase inquestionável?

todos devemos ter igualdade no acesso à educação, travando-se a luta pelo fim da marginalização que, muito frequentemente, ainda vemos acontecer nas escolas portuguesas. O valor da igualdade é, por tudo isto, a alternativa a esta realidade; igualdade no acesso à educação, igualdade nas oportunidades de aprendizagem ao longo do desenvolvimento (a organização do espaço escolar não deve discriminar pessoas pelas suas diferenças individuais, mas antes tentar a sua inclusão)
Mais uma vez teria sido bom se fossem mais concretos e pudessem identificar os processos e as causas da dita marginalização. Porque se o fizessem seria mais fácil avançar com propostas credíveis para mudar a situação.
De todo não concordo que o valor da igualdade seja o motor para superar estas marginalizações.

Não poderíamos fechar esta reflexão em torno da educação, sem antes dizer o que habitualmente o Movimento vem dizendo aos seus militantes, mudar a organização da educação está ao alcance de cada um, parte deste já dito fenómeno complexo.


É aqui que se percebe que o essencial é mudar a organização da educação. Será mesmo?
Para mudar a organização não seria conveniente antes mudar outras coisas?

Tornar-se cristão

É o título de um livro que compila as comunicações do convénio da AICA (Associação italiana de catequetas) de 2001.
MEDDI Luciano (a cura di) Diventare cristiani. La catechesi come percorso formativo, Napoli 2002.
Ando há meses a lê-lo mas aquilo não saía da cepa torta (o que traduzido em míudos, significa que ao fim de uma página já estava nos braços de Morfeu); finalmente esta semana dei-lhe com força e cheguei ao fim.
proponho ir aqui dando conta dos conteúdos relevantes dos vários artigos.
LIPARI Domenico, Il "Processo formativo": senso di un'espressione, pp. 19-38.
Artigo muito técnico que tenta explicar aos catequetas o que é hoje um processo formativo, as dificuldades resultantes da fragmentação cultural em que estamos. Foi dos artigos que mais sono meu deu. Mas é decisiva esta reflexão de fundo sobre formação para podermos fugir às banalidades e falsidades de tantas propostas e bitaites catequéticos.

2009/09/19

De volta a casa

Acabo de chegar a casa.
Como tinha avisado, estive esta semana em Oseira, um mosteiro cisterciense da Galiza.
Estive a orientar o retiro dos seminaristas de Braga do 3º a0 5º ano.
Eram 14. Acho que não os fiz perder o seu tempo.
Impecável o acolhimento dos monges.

2009/09/13

os dias e as obras

Já são vários dias sem deixar aqui nada de jeito.
O que tenho andado a fazer.
Desde o início do mês, estive fechado no quarto (não literalmente, mas quase) a escrever o livro que acompanha o novo cd do Pe. tarcízio morais. Vai chamar-se "Um só Senhor". Meditações sobre as canções, propostas para as usar em grupo, rezá-las em grupo ou sozinhos... cento e tal páginas que me saíram do pelo.
Ainda não acabei os portfolios para enviar para o prof. Anthony.
Esta semana estarei na Galiza a pregar o retiro aos alunos do seminário maior de Braga. É uma honra. Mas uma responsabilidade.

2009/09/06

Auto-estima

Aqui fica uma pequena vaidade pessoal:
Há uns anos publiquei, em parceria com a Ir. Rute, um livro chamado "101 propostas para melhorar a auto-estima".
Os nossos amigos da CCS (a editora salesiana em Espanha) publicaram esse texto lá por aquelas bandas.
Aí está o meu esforço para a internacionalização da economia portuguesa.

2009/09/01

Homo credens

É o nome de um livro de João Duque: Homo credens. para uma teologia da fé.
Não tenho acompanhado muito bem a produção teológica nacional mas parece ser um manual sobre a fé para a cadeira de teologia fundamental.
Estou quase a chegar ao fim do livro e gostava de deixar aqui alguns apontamentos laterais. São mesmo laterais porque o livro parece-me muito bem escrito (isto dito por mim que sou um não especialista em fundamental).
Bibliografia em alemão
: Há muitas citações de textos em alemão. O que é normal para um professor que se preze. LOL. Mas a verdade é que imagino que são poucos os alunos de teologia que pegam no alemão. É público o meu desconhecimento culposo de alemão!
Bastante europeu: O livro recolhe muitos dos debates e autores que circulam na teologia europeia, católica e protestante. Mas vi muito pouco de teologia americana, particularmente de linha evangélica. O que poderia ser importante, neste contexto de globalização.
Genealogia da pós-modernidade: João Duque tem sido dos homens que, em Portugal, melhor pensa a pós-modernidade e o diálogo com a fé. Mas parece-me detectar uma tendência (comum a outros teólogos um pouco por todo o lado) a reduzir a pós-modernidade a uma corrente filosófica. Na sequência da história das ideias teria havido uns fulanos a quem deu para isso da pós-modernidade com as características x, y e z. Mas isso tende a esquecer que a pós-modernidade é uma realidade muito complexa em que se cruzam, sem dúvida, derivas filosóficas mas também condições socioeconómicas, desenvolvimentos tecnológicos e mediáticos, crises políticas...
Ai, a empiria! É claro que este é um livro de teologia fundamental. E que eu me interesso por teologia pastoral, com atenção especial à dimensão empírica. Seria injusto e idiota "medirmos" o outro a partir dos nossos próprios interesses, metodologias e perspectivas. Mas do mesmo modo que eu não consigo fazer TP sem uma boa TF, também me parece que quem faz TF tem de estar mais atento à realidade empírica. A base filosófica de João Duque é bem sólida. Nota-se. E ele desloca-se essencialmente no diálogo entre a revelação e a filosofia (e os seus instrumentos). O problema é que quando se fazem afirmações empíricas (ex: a cultura contemporânea é assim ou assado) elas t~em de ser demonstradas empiricamente e não apenas lógica ou filosoficamente.
Resumindo: não perdi o meu tempo ao ler este livro no Verão.

projectos, planos e papel deitado ao lixo

Está a começar o ano pastoral.
Em maior ou menor grau começam as reuniões de programação do próximo ano.
O que é interessante é como ninguém parece reter muito do sucesso/insucesso do ano passado.
Está mandado (ou está de moda) isto das planificações... portanto... faz-se.
Atenção: não tenho nada contra uma boa metodologia de projecto. Pelo contrário.
Onde não se confunde projecto com programa. Nem com calendarização.
A acção pastoral pode ser comparada às várias operações que realizamos ao conduzir um carro. Quantidades diversas de acelerador, de travão, uso da embraiagem, mudanças na caixa de velocidades...
Mas impressiona-me como alguns "projectos" (pelo menos no papel) parecem ser um somatório aleatório dessas operações.
Quando estamos ao volante, as várias operações que realizamos têm que ver umas com as outras (se estamos a acelerar, passamos de 2ª para 3ª) e com o terreno onde estamos (não se ataca uma subida em ponto morto). Mas quando lemos alguns "projectos" perguntamo-nos: "Isto vem de onde?" terá sido feito ao acaso? escreveram umas fichas, atiraram-nas ao ar e passaram para o papel as que ficaram viradas para cima?