2009/09/01

Homo credens

É o nome de um livro de João Duque: Homo credens. para uma teologia da fé.
Não tenho acompanhado muito bem a produção teológica nacional mas parece ser um manual sobre a fé para a cadeira de teologia fundamental.
Estou quase a chegar ao fim do livro e gostava de deixar aqui alguns apontamentos laterais. São mesmo laterais porque o livro parece-me muito bem escrito (isto dito por mim que sou um não especialista em fundamental).
Bibliografia em alemão
: Há muitas citações de textos em alemão. O que é normal para um professor que se preze. LOL. Mas a verdade é que imagino que são poucos os alunos de teologia que pegam no alemão. É público o meu desconhecimento culposo de alemão!
Bastante europeu: O livro recolhe muitos dos debates e autores que circulam na teologia europeia, católica e protestante. Mas vi muito pouco de teologia americana, particularmente de linha evangélica. O que poderia ser importante, neste contexto de globalização.
Genealogia da pós-modernidade: João Duque tem sido dos homens que, em Portugal, melhor pensa a pós-modernidade e o diálogo com a fé. Mas parece-me detectar uma tendência (comum a outros teólogos um pouco por todo o lado) a reduzir a pós-modernidade a uma corrente filosófica. Na sequência da história das ideias teria havido uns fulanos a quem deu para isso da pós-modernidade com as características x, y e z. Mas isso tende a esquecer que a pós-modernidade é uma realidade muito complexa em que se cruzam, sem dúvida, derivas filosóficas mas também condições socioeconómicas, desenvolvimentos tecnológicos e mediáticos, crises políticas...
Ai, a empiria! É claro que este é um livro de teologia fundamental. E que eu me interesso por teologia pastoral, com atenção especial à dimensão empírica. Seria injusto e idiota "medirmos" o outro a partir dos nossos próprios interesses, metodologias e perspectivas. Mas do mesmo modo que eu não consigo fazer TP sem uma boa TF, também me parece que quem faz TF tem de estar mais atento à realidade empírica. A base filosófica de João Duque é bem sólida. Nota-se. E ele desloca-se essencialmente no diálogo entre a revelação e a filosofia (e os seus instrumentos). O problema é que quando se fazem afirmações empíricas (ex: a cultura contemporânea é assim ou assado) elas t~em de ser demonstradas empiricamente e não apenas lógica ou filosoficamente.
Resumindo: não perdi o meu tempo ao ler este livro no Verão.

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