Continuando com o post anterior:
Remetendo para Flament, Abric estuda a relação entre a estrutura das RS e os seus processos de transformação.
Na relação entre práticas sociais e representações a pergunta decisiva é: o que acontece quando os actores sociais desenvolvem práticas sociais que contradizem o sistema de representação?
Ao ler isto, os meus sensores de alarme dispararam logo! é que isto pode ajudar a explicar muitas das trajectórias de abandono da fé e da Igreja.
Flament introduz o conceito de reversibilidade da situação para responder. Os actores sociais, numa prática contraditória com a RS podem considerar que a situação é irreversível (um regresso ao passado e às práticas anteriores) ou, pelo contrário que é reversível (o regresso às práticas anteriores é possível, sendo a situação actual apenas momentânea).
Se a situação for reversível, as novas práticas vão gerar modificações na RS. Os novos elementos serão integrados na RS, mas apenas através da transformação do sistema periférico; o sistema central mantém-se estável.
No caso de a situação ser percebida como irreversível, as novas práticas contraditórias vão ter consequências mais sérias. Há três transformações possíveis:
1) "resistir à transformação. São os casos onde as novas práticas ainda podem ser geridas pelo sistema periférico e pelos clássicos mecanismos de defesa;
2) Transformação progressiva. A mudança da RS ocorre sem rupturas, com adaptações suaves do núcleo central.
3) Transformação brutal. Quando as novas práticas desafiam o significado central da RS, sem possibilidade de recorrer a mecanismos de defesa.
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