2009/03/08

Custou mas foi

Estou desde 6ª feira a tentar ler um artigo de van der Ven: An empirical or a normative approach to practical-theological research? A false dilemma.
Começa, não percebes, a cabeça pesa, os olhos fecham-se, voltas atrás, desistes... recomeças... custou mas consegui chegar ao fim sem fazer (demasiada) batota.
Mais uma vez a questão é epistemológica. Como é que se faz teologia prática. Ele quer afirmar a recusa (por ser um falso dilema) de ter de optar pela obediência à normatividade (de conteúdos de fé, ou de procedimentos metodológicos) ou pela obediência aos dados empíricos recolhidos na realidade.
O artigo não foi fácil de ler porque se misturavam problemas teológicos com problemas epistemológicos. É preciso perceber que van der Ven é holandês; vem de um contexto académico (norte Europa) onde a teologia está muitas vezes em universidades públicas; onde o diálogo com os outros saberes e com a sua legitimação é uma questão sempre em cima da mesa. No nosso contexto português onde a teologia quase não existe, tudo isto parece chinês.
E depois há a dificuldade em acompanhar o debate epistemológico. Finalmente acho que percebi algumas das questões mas como as fui aprofundando noutros contextos (inglês, norte-americano: Patton, Silverman, Seale...) custou um pouco fazer a "tradução " conceptual.
A conclusão a que ele chega é que a teologia prática é normativa por natureza não apesar mas precisamente por causa do seu carácter empírico. E, por isso, a escolha de uma abordagem normativa ou empírica é uma falsa questão.
Só que para isso há que fundamentar bem algumas questões:
1) Assumir bem que todas as pesquisa empíricas têm na base uma impostação teórica.
2) Toda a pesquisa empírica tem uma base normativa, especialmente em relação à finalidade e à aplicação das descobertas.
3) Deve procurar-se uma complementaridade de métodos qualitativos e quantitativos.
4) Deve haver uma atenção muito grande na análise e interpretação dos resultados.
5) Assumir a orientação para a práxis.

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