Ontem, a minha comunidade aqui em Roma fomos passear. Fomos atá aos lugares da morte de Sta Maria Goretti e ao santuário de N Sra. das graças, onde está o corpo da santa.
O santuário, simples mas belo, é orientado pastoralmente pelos passionistas. Ao chegar tivemos direito a uma pequena "prédica" de um deles que nos sensibilizou pastoralmente para a figura da Goretti.
A certa altura deteve-se num dos últimos factos da sua vida: pouco antes de morrer, o sacerdote que a acompanhava, perguntou-lhe se ela perdoava ao seu assassino. Coisa a que ela assentiu.
Vai daí, o nosso ilustre prelector começa a contestar uma certa tendência minimalista em pastoral, "cheia de filosofia", que esquece o papel da graça. Ele usa uma contraposição que em italiano se percebe mas em português não tanto. Ele dizia que a Goretti e o padre que a acompanhou e lhe perguntou se perdoava o assassino funcionavam do "tetto in su" (do telhado para cima); mas hoje nós tendemos a funcionar do "tetto in giu" (do telhado para baixo).
Isto gerou uma certa celeuma no autocarro, com uma série de provocações ao Maurto Mantovani (que é o vigário da comunidade e professor de filosofia).
Eu estou de acordo que há uma certa forma de entender e fazer a pastoral que em nome da pedagogia, do dálogo com a realidade do destinatário, nunca sai da cepa torta. A pastoral feita é conservadora, conformista em relação ao status quo. e isto em termos morais, em termos económico-politicos, ou em termos espirituais. É uma pastoral que esquece a força renovadora e revolucionária do Evangelho. Que esquece que JC é novidade radical.
Exemplo: Alinhar acriticamente na cultura dominante
Mas por outro lado também desconfio de uma pastoral (pensada e praticada) que quer tudo e já. Que não está atenta às condições reais de vida das pessoas. Que se limita a ser prescritiva (ti deves fazer isto) sem nunca propor caminhos concretos.
Exemplo: família em ruptura e agressão mútua e o agente pastoral a fazer apelo aos valores ou à oração sem a vontade de enfrentar os problemas reais.
Para que conste eu acho que o caso da Goretti está longe de qualquer destas duas asneiradas. A fé madura que ela tinha desenvolvido é que a leva, de forma muito realista a contrariar as tentativas de exploração sexual do vizinho (que viria a ser o assassino) e a perdoá-lo.
Penso que a inspiração pastoral deve vir de Jesus Cristo. De quem mais? Ele que é novidade e ruptura radical em relação ao "mundo", a tudo aquilo que as nossas sociedades e culturas produzem de desumanizante (e por isso de anti-Deus) não pactua, não se resigna e propõe alternativas. Mas fá-lo, incarnando-Se. Tornando-Se presente na nossa realidade e, em diálogo com a nossa realidade, os nossos ritmos, vai-nos fazendo crescer.
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