2009/03/19

Pesquisa sobre jovens e religião

Uma síntese da 2ª parte deste artigo:
SCHWEITZER Friedrich, Research on youth and religion in the perspective of religious education. In Imagining God. Empirical explorations from an international perspective. ZIEBERTZ Hans-Georg, ed. Pp. 19-34. Munster: Lit Verlag 2001.


Mormente a 2ª parte do artigo (Second thoughts about research on youth and religion) tem algumas ideias que vale a pena reter.

1) Há uma tensão entre afirmações sobre temáticas religiosas e a inserção contextual do sujeito. As afirmações religiosas, se são consideradas isoladamente do contexto vivencial dos sujeitos podem facilmente induzir em erro. “as long as we do not know what a response really means in terms of its contextual embeddeness, we obviously know very little about a person’s religious or spiritual life” (p. 25).
Isto não significa que tenhamos que estudar estes temas segundo uma metodologia qualitativa mas uma abordagem quantitativa tem que estar disponível para lidar com a natureza complexa das experiências e convicções religiosas.

2) Numa perspectiva de educação religiosa (que é a do autor; ou de praxis pastoral) há uma certa frustração com a fixidez fotográfica de alguns resultados que não têm em consideração os processos de mudança religiosa e desenvolvimento em curso na pessoa. “Only if the process (temporal) context is taken into consideration, will the results be meaningful…” (p. 26)

3) Uma outra tensão resulta da diferença entre a fé actual e a fé potencial da pessoa. A educação e a pastoral interessam-se não apenas pelo que a pessoa é mas pelo que pode e deve tornar-se. Há, portanto, que superar a dicotomia entre o “que está” e o “que não está” de modo a abranger o potencial que ainda não está realizado.

4) Uma outra fonte de tensão acerca dos aspectos normativos das investigações. Supostamente a investigação empírica seria value-free para ser objectiva. Mas os educadores religiosos ficam frustrados com esse tipo de investigação que é sempre guiado por pressupostos teológicos e ideológicos não admitidos e, por isso mesmo, nunca discutidos ou postos em causa. O autor dá dois exemplos alemães, de sinal ideológico contrário, que acabam por conduzir ao mesmo tipo de resultados empíricos. Investigações que tentam aferir a conformidade dos jovens com categorias teológicas intra-eclesiais tendem a mostrar que há um afastamento da fé e uma perda de peso da dimensão religiosa. Mas investigações com um pressuposto “liberal”, que à partida desvaloriza a dimensão religiosa, acaba por chegar à mesma conclusão. Mas em ambos os casos a real experiência religiosa dos jovens não é tida em consideração. “This bias makes it hard or even impossible to focus on a type of religion which is highly pluralized and individualized” (p. 27)

5) Uma dificuldade final é a tensão entre a estrutura ou função da religião e o conteúdo religioso. O problema nasce (é um alemão que fala) por causa do pluralismo religioso; as formulações habituais de pesquisa tendem a considerar um horizonte exclusivamente cristão. “Structural and functional categories may not be sufficient in order to capture the specific religious understandings involved” (p. 28)

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