Vou deixando aqui uns resumos.
Desde o final dos anos 80, os países europeus começaram a dispor de inquéritos regulares na área da sociologia da religião.
ESS
O European Social Survey (ESS) é feito cada dois anos em quase todos os países europeus e permite medir os indicadores religiosos mais fundamentais: a pertença a uma religião, uma eventual antiga pertença, um autoposicionamento de intensidade religiosa, a frequência aos actos de culto e a frequência da oração pessoal. Este inquérito aborda muitas temáticas. O que traz a vantagem de cruzar as questões religiosas com outras.Sendo a última das grandes séries de sondagens a aparecer, houve um cuidado muito grande com os aspectos formais e metodolóogicos: “The objective of the ESS is to design, develop and run a conceptually well-anchored and methodologically bullet-proof study of changing social attitudes and values. Achieving these aims in a cross-national context requires 'optimal comparability' in the operationalisation of the study within all participating countries. This 'principle of equality or equivalence' applies to sample selection, translation of the questionnaire, and to all methods and processes. Above all, we must ensure that all procedures and outcomes are comprehensively documented in a standard way.”
Este inquérito foi realizado em Portugal continental. A omissão dos dados das Ilhas pode alterar ligeiramente os valores médios nacionais. Usa respondentes a partir dos 15 anos.
EVS
O European Values Survey (EVS) é realizado cada 9 anos (1981, 1990, 1999, 2008). Portugal só não participou na primeira vaga (1981). Há um leque amplo de questões religiosas: a pertença religiosa, as frequências de culto e de oração, os ritos de passagem, a centralidade da fé, a adesão a alguns “dogmas” da fé…Também este projecto não inclui dados das Ilhas. Usa respondentes a partir dos 18 anos de idade.
ISSP
O International Social Survey Programem (ISSP) realiza-se em cada ano. Portugal participa desde 1997. Em cada ano há um tema sociológico diferente. A temática religiosa apareceu em 1991 (Portugal não participou), em 1998 e em 2008. Usa respondentes com idades a partir dos 18 anos.Apesar da disponibilidade destes dados, não há muitos estudos, feitos sobre eles, no contexto português.
Todas estas séries de estudos internacionais têm a vantagem de permitir a comparação entra países e a investigação sobre tendências e fenómenos de alcance internacional. O que gera um problema de contextualização. O inquérito deve ser idêntico em todas as diferentes versões que são aplicadas nos diferentes países. Para isso as questões postas devem ser gerais e descontextualizadas. Mormente no campo religioso, não podem estar dependentes das percepções e especificidades religiosas de cada país ou região. Mas, por outro lado, “les formes de religiosité et les conceptions du divin sont três différents selon les civilizations et on peine à bien mesurer les univers religieux sans tenir compte dês spécificités d’une region” . (BRÉCHON Pierre, La mesure de l'appartenance et de la non-appartenance dans les grandes enquêtes européennes, in Social Compass, 56 (2009) 2, 163-178) A consequência é um certo genericismo das questões; omitem-se as crenças e experiências mais específicas de cada religião em nome de uma vulgata religiosa, mais ou menos consensual entre os especialistas da sociologia da religião.
Mesmo com estas limitações pode ser iluminante determo-nos a estudar os dados disponibilizados e as concepções teóricas que estão por detrás deles.
1 comentário:
Espero que estes dados avulsos possam ser úteis àquele pessoal que está sempre a perguntar-me "onde é que se encontra isto e aquilo"
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