2009/02/17

Iniciação cristã e pós-moderniade

Declaração de interesses: sou fã do conceito e da prática da Iniciação cristã.

Mas já percebi que IC se está a tornar uma daquelas expressões de moda onde cada um mete os conteúdos que quer. Supostamente o projecto catequético português também está inspirado numa lógica de IC. Pois... um exemplo típico de mudar o nome para deixar tudo o resto na mesma.
Mas para lá destes apartes, talvez valha a pena pensar a sério sobre as condições de implementação de uma prática consistente de IC.
Nas sociedades tradicionais, a Iniciação permite o acesso a um grupo sedimentado, com uma cultura definida, com uma identidade clara. Ora essa clareza de identidade pode ser hoje reproposta hoje, neste contexto pós-moderno?
É certo que a IC não surgiu numa sociedade tradicional mas num mundo socialmente bastante complexo como o império romano. Por isso alguns falam duma iniciação secundária. Não se tratava de integrar a "sociedade" mas um grupo específico (até com algo de marginal) dentro de uma sociedade plural e contraditória. O que tem bastantes semelhanças com o nosso contexto.
Mas, por outro lado, há uma tendência a ver a IC como um processo em que de um lado está uma instituição pesada, com um pacote identitário (o depositum fidei) e do outro estaria um sujeito passivo, que se conformaao que lhe é dado.
Não é preciso ter dois dedos de testa para perceber que isso hoje não pode funcionar. Educativamente. mas também teologicamente. Porque anula o carácter dialógico da revelação

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