Estou a assistir às aulas de Ubaldo Montisci, como ouvinte (Libero uditore) no curso de Iniciação cristã e catecumenato. É um curso que já fiz, no mestrado, com Cyril deSousa. Mas como o tema me interessa quero aproveitar o tempo para me deixar estimular.
Hoje foi a 1ª aula a sério. A IC no processo da evangelização.
E as questões de nomes estiveram muito presentes. Evangelização, missão, IC, catequese… Está claro que muita da nossa confusão nasce da confusão dos próprios documentos.
Segundo Monstisci há duas grandes correntes terminológicas. A primeira vem do decreto conciliar Ad Gentes. Segundo este documento a acção missionária da Igreja tem 4 momentos: a) Testemunho de vida, diálogo, presença da caridade; >> b) Evangelização e a conversão; >> c) Catecumenato e iniciação cristã; >> d) Formação da comunidade cristã.
A Evangelização aparece aqui como um momento específico do processo.
Esta visão influencia a terminologia e a abordagem do Directório Catequístico geral (1971) e do RICA.
A segunda corrente nasce com a Evangelii Nuntiandi, de Paulo VI (1975). A Evangelização seria o conjunto de todas as acções eclesiais.
Esta perspectiva é retomada pelo Directório geral de catequese (1997).
Alguém se pergunta qual o interesse destas questões terminológicas. Em primeiro lugar dar qualidade à comunicação entre nós. E também reconhecer que o debate sobre os termos é muitas vezes consequência de um debate pastoral e teológico.
O Documento da CEP Para que acreditem e tenham vida, sem ser completamente claro na terminologia, pode ajudar-nos. Este documento procura “a contextualização da catequese na evangelização, requerida pelas Exortações Evangelii Nuntiandi e Catechesi Tradendae;” (nº 1), entre outras coisas.
É algo confuso em alguns aspectos.
A frase “A catequese situa-se nesta linha. Tem em vista transmitir a Palavra de Deus que revela o Seu desígnio de salvação realizado em Jesus Cristo de modo a despertar a fé e a conversão ao Senhor e a viver em comunhão com Ele (CT 5 e 6).” (nº 2) parece não distinguir entre catequese e despertar da fé. Mas antes (Chegam muitas crianças à catequese sem os rudimentos de vida cristã, a necessitar do despertar da fé) (nº 1) catequese e despertar da fé parecem ser realidades distintas.
Mais adiante volta a distinção: “comunicar a revelação de modo a despertar e solidificar a fé é a tarefa fundamental das comunidades cristãs. Dentro desta tarefa tem um lugar relevante a catequese.” A catequese parece ser parte, um momento, de um processo mais amplo.
Em 2b elencam-se várias aberturas à fé, entre as quais o despertar da fé. Mas a distinção fica clara com “Porém, nenhuma destas vias dispensa o aprofundamento da fé.”
A ideia de processo aparece também no nº 3: “Não podemos à partida pressupor a fé. Torna-se necessário despertá-la no coração das pessoas, converter os baptizados que não conhecem ou não praticam o cristianismo, levar o evangelho aos afastados. É preciso começar a evangelizar pelo princípio, pôr em prática uma nova evangelização.”
Neste sentido nova evangelização teria o sentido de evangelização inicial.
Esta ideia da evangelização como um processo plural continua: “a evangelização precisa de ser entendida como um processo que integra vários momentos com uma sequência própria”. Claramente, a catequese é relacionada com o todo da evangelização: “A catequese é um momento do processo de evangelização: tem uma etapa anterior que a prepara e precisa de ter continuação.”
Assumindo a inspiração na EN, o documento da CEP identifica 5 momentos para esta evangelização:
1. Presença e acolhimento;
2. Primeiro anúncio
3. Catequese (“que solidifica e faz amadurecer o primeiro anúncio”)
4. Comunidade cristã e sacramentos
5. Comunidade cristã e testemunho
Outro termo que também aparece é iniciação cristã. Aliás, o nº 4 tem por título “Catequese e Iniciação Cristã”. Só que não é dada nunca uma definição (ou descrição sustentada). Diz-se que a IC é “uma fase fundamental em que se lançam os alicerces da vida cristã e que, portanto, condiciona o edifício futuro da fé”.
Na verdade, não se diz muito. A seguir, descreve-se a IC, de forma algo redutiva: “Iniciação consiste na incorporação gradual e progressiva no mistério de Cristo e da Igreja, através dos três sacramentos da iniciação cristã- Baptismo, Confirmação e Eucaristia- e da aprendizagem e treino nas várias dimensões da fé: conhecimento do essencial do mistério cristão; celebração da fé na Eucaristia e nos sacramentos; união com o Senhor na oração; prática do Evangelho na caridade e no serviço.”
Ou seja, avançam-se alguns conteúdos mas não se aborda o específico do paradigma iniciação em relação com outros paradigmas: socialização, instrução…
2 comentários:
Lendo este e alguns posts anteriores fica-me a pergunta: o que é afinal Iniciação Cristã?
Como dizia no dragon ball: Não percam os próximos episódios, que nós, também não!
Enviar um comentário