2009/04/30

Às voltas com a adolescência

Meio por acaso, esta semana voltei a pegar nas questões da adolescência.
Algumas descobertas e muitas perguntas.
Primeiro: não há uma teoria geral da adolescência.
Segundo: a adolescência está a mudar com essa coisa da "pós-modernidade" (que também não se sabe bem o que é nem como se há-de chamar: segunda modernidade, modernidade líquida, supra-modernidade...)
Moral da história: aqueles caramelos como eu que querem acima de tudo levar o Evangelho à malta nova, acabam sem saber para onde se virar.
Se a nossa acção de pastoral tem de ser fiel, ao mesmo tempo, à mensagem de Deus e ao destinatário... se não nos conseguimos entender sobre o destinatário... como é que o evangelizamos?
Claramente tenho-me colocado na linha de Erikson, do seu modelo de desenvolvimento e da adolescência como um tempo definido pela tarefa da identidade. Sempre me pareceu mais integrativo que as teorias mais psicanalíticas (Anna Freud).
Mas há algumas críticas.
A 1ª vem do lado da pós-modernidade: num tempo de pluralismo não é possível definir identidade nenhuma; logo a adolescência fica em coisa nenhuma.
A 2ª vem do feminismo., Dei de caras com uma referência a um livro de Carol Gilligan (in another voice) em que ela diz que a sequência proposta por Erikson (identidade >> Intimidade >> generatividade) é demadiado machista, que nas raparigas não há uma separação entre identidade e intimidade.
Parêntesis cultural: Eu já conhecia a Gilligan, mormente da crítica que ela fazia ao desenvolvimento do raciocínio moral de Kohlberg, excessivamente asssente no conceito de justiça. Mas conhecia de ver citada sem nunca ter tido oportunidade (ou vontade?) de ler o livro. Pois hoje descubro que no mesmo livro ela critica os 2 caramelos: Kohlberg e Erikson

Ainda estou a ler o livro da Gilligan mas, assim a olho, ela é capaz de ter razão. Muitos de nós (operadores pastorais e não psis de profissão) já temos notado que o tema da intimidade na adolescência está muito mais presente do que pensávamos. Não sei como é que vocês processavam a dissonância. A mim, já há algum tempo que me andava a fazer espécie. A ver se aparece por aí algum psi que ajude a perceber isto!
Claro que, para complicar, o livro de Gilligam é de 1980; precisava de algo que pegasse no mesmo tema, numa linha mais... 2009!

1 comentário:

Anónimo disse...

necesidad de comprobar:)