2009/04/08

Para encher 1

Entre o nervoso miudinho (hoje não houve nenhum abalo) e a dificuldade de me concentrar não tenho andado tão veloz como queria na redacção do projecto de tese.
Na realidade o problema não é de velocidade; é de qualidade. Não é que ande a trabalhar devagar; a qualidade é que é fraca.
Bom mas aqui ficam umas bitaitadas preliminares:
1. Problema
A Igreja em Portugal, desde o início dos anos 90, tem uma proposta de catequese de dez anos (dos 6 aos 16 anos). A intenção original era dotar os catequizandos de uma preparação adequada uma vida cristã adulta e comprometida. Mas a evolução social e religiosa em Portugal tem levado ao aparecimento de sinais indicadores do relativo insucesso destes mecanismos: abandono dos laços de pertença eclesial, desarticulação entre fé e vida…
Entretanto, cresce o consenso entre os especialistas que há um prolongamento da etapa adolescencial e um adiamento das tomadas de decisão e dos compromissos.
Apesar de alguns apelos da CEP, a verdade é que a Igreja em Portugal não tem feito um esforço muito grande no acompanhamento pastoral das idades posteriores aos 16 anos.
O processo de catequese não prevê mecanismos de avaliação para determinar o grau de sucesso dos objectivos propostos.
Temos, portanto, umas vagas impressões sobre o sucesso-insucesso da catequese sistemática que culmina na celebração do crisma, uma consciência difusa que o acompanhamento pastoral dos adolescentes se deveria prolongar e, acima de tudo, um grande desconhecimento da real experiência de fé das novas gerações.
Este desconhecimento da realidade alarga-se a todas as vertentes da experiência cristã. Também à fé em Deus, aos conteúdos sobre Deus que os adolescentes catequizados acolhem e à relação que com Ele mantêm.
No centro da experiência cristã e do esforço evangelizador da Igreja está a fé no Deus Trindade, revelado na pessoa, palavras e gestos de Jesus de Nazaré.
Segundo o DGC é dessa fé em Deus que pode brotar, com os adequados processos de inserção comunitário-eclesial e educação-iniciação, uma identidade crente adulta e autónoma.
Mas a verdade é que, a respeito dos adolescentes portugueses que frequentaram a catequese, pouco sabemos sobre os conteúdos, qualidade e relevância da sua fé.
Esta necessidade de conhecimento não é uma questão meramente académica ou de curiosidade científica: é um factor importante para perceber a qualidade dos processos pastorais efectivamente em acto; é um factor importante para projectar alternativas de mudança e melhoria.

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