Uma das sugestões que recebi em relação à 1ª versão do esquema foi explicitar mais o quadro teológico de referência. Aqui vai:
Para entender toda a problemática da fé em Deus é necessário superara fragmentação disciplinar que muitos curricula de teologia mantêm entre os tratados do mistério de Deus, no anúncio evangelizador e De Fides.
A Sagrada Escritura e a melhor tradição eclesial sempre afirmaram a íntima relação entre um certo tipo de relação com Deus e a aceitação de uma certa imagem de Deus.
Para o AT, crer é aceitar confiar em Deus na certeza de estar de este modo assente sobre uma verdade segura e sólida. Acreditar em Deus não é um facto ocasional mas central para a pessoa. Acreditar é um acto que implica confiança e obediência no Deus em que se acredita como resposta pessoal e livre à iniciativa de Deus.
Para o Novo Testamento, acreditar conserva todas as características identificadas no AT mas especificadas pela adesão à pessoa de Jesus de Nazaré. Jesus, a sua pessoa, os seus gestos, a sua morte e ressurreição, são apresentados como o ponto mais alto da revelação de Deus. Por isso, o acto de fé concentra-se na pessoa de Jesus e no seu potencial soteriológico.
Vai manter-se, ao longo da tradição eclesial, o cruzamento constante entre a dimensão subjectiva da fé e a dimensão objectiva, a fides qua e a fides quae. Se o núcleo do acto de fé é confiança e encontro com o Deus que salva em Jesus, isso implica o acolhimento dos conteúdos a que este acto se refere (os factos e palavras de Jesus e toda a catequese da comunidade apostólica).
De acordo com a DV 5, a fé em Deus é um encontro de dupla liberdade: entre Deus que Se auto-revela na história e a pessoa humana que se entrega a Ele. A componente humana deste acto de fé não pode ser negligenciada.
A fé cristã define-se como tal precisamente pelo seu cristocentrismo. Mas um cristocentrismo que conduz à confissão do Deus Trino: Pai, Filho e Espírito.
Embora pessoal (credo) acreditar em Deus é também e necessariamente um processo eclesial (credimus). “O lugar onde nasce a fé é a história concreta dos homens (…) Embora a fé não seje redutível exclusivamente a leis sociológicas, ela surge e explica-se numa comunidade.” A comunidade é o lugar da fé que se realiza como acto eclesial.
A fé é uma escolha fundamental a favor de Deus e do seu projecto. Acreditar em Deus traz consigo uma dimensão transformativa e ortopráxica: Acreditar em Deus provoca mudança na compreensão-acção de si mesmo e da realidade externa.
Sem comentários:
Enviar um comentário