2009/05/12

Dialogicidade (1)

Como vos disse, comecei a ler o livro de Ivana Markova.
Acabei o 3ª capítulo. Já vão 88 páginas. temas difíceis, muitos autores, uma linha de pensamento pouco convencional.
Mas o que até me espanta é que a mulher escreve bem. Não sei se é por estar em inglês mas aquilo corre. Frases bem construída, com preocupação de clareza. Acho que viu tirar fotocópias ao livro e enviá-las a uma série de professores daqui!
Só para aumentar o apetite:
Se o Ego-alter é a ontologia da comunicação,e, por implicação, ontologia da mente humana, então é a dialogicidade que gera e multiplicidade de géneros de pensamento e comunicação. Por isso, as antimonias no pensar e na linguagem, devem ser uma expressão da dialogicidade. Elas são produtos e processos dialógicos. A dialogicidade poderia fornecer as bases para uma teoria dialógica do conhecimento social, ie, para uma epistemolodia dialógica. Consequentemente, a dialogicidade parece ser um bom ponto de partida para a elaboração de umas psicologia social

E vai na volta, um de vocês diz: "pois, mas para que é que isso serve?"
Contra as visões do mundo que vêm a pessoas como essencialmente indivíduo, ela (Markova) recolhe demosntração do nosso carácter dialógico. Não apenas na linha de Buber, de um diálogo interpessoal que leva à comunhão. Mas numa linha mais claramente mais social onde está presente a cultura, a linguagem, a ideologia, a economia... e onde o que nos faz ser humanos é o diálogo. Um diálogo permanente.
E que importância tem isso?
Imagina a catequese. Bem podem procurar catecismos maravilhosos e perfeitos. Se nós somos mesmos seres dialógicos, terá sempre mais peso a qualidade do diálogo que se estabelece no grupo de catequese, do que o rigor teológico do catecismo ou a eficácia cognitivista dos materiais.
Outro exemplo. Numa visão monológica, individualista, a diferença entre as pessoas é uma perda que deve ser superada. Claro que hoje não há as formas antigas que havia para chegar ao consenso (imposição pela força). E por isso somos quase forçados a renunciar à comunicação em que cada um fica na sua. Mas esta visão dialógica abre-nos a um diálogo constante, onde nunca há consenso. (O consenso é o fim do diálogo, a morte)
Pois todos os sistemas dependem da pluralidade das vozes para poder subsistir.
tentem lá aplicar isso ao vosso grupo de catequese ou ao vosso namoro a ver se isto não abre possibilidades interessantes.

Não percam os próximos capítulos, pois nós, tamb+em não!

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