2009/05/02

Que adolescência na pós-modernidade? (1)

Estou a ler Friedrich SCHWEITZER, The postmodern life cycle. Challenges for church abd theology.
O 3º capítulo estuda a adolescência (como 2ª fase da vida, a seguir à infânica) e tenta perceber o que é isso da Adol. neste contexto pós-moderno e que desafios coloca à pastoral.
A tese, não original, é que a adolescência é uma "invenção" da modernidade. A existência de um tempo, mais ou menos prolongado, entre a infância e a idade adulta só aparece porque as condições da modernidade o possibilitavam e exigiam.
É a modernidade, com a sua exigência de um tempo alargado de formação para a vida activa que cria a adolescência.
Erikson caracteriza a adol. como um tempo de definição da identidade pessoal.
O problema é que as actuais condições sociais diferem drasticamente daquela situação em que a ideia da adol. como identidade foi definida.
Schwaitzer recorda a crítica feminista à identidade como sendo virada para descrição dos adolescentes masculinos.
Mais grave ainda parece ser a alteração das estruturas temporais da adol. A modernidade criou a adol como um tempo de transição entre a infância e a adultez. Não já criança; ainda não adulto! É esse "ainda não" que parece posto hoje em questão.
em 1º lugar porque as perspectiva laborais mudaram. A ideia de usar a adol. como um tempo de prepração profissional para o resto da vida foi posto em causa. A flexibilidade de emprego veio para ficar. Por isso a adol. e as suas opções (formativas e outras) deixa de ter aquele carácter definitivo que tinha antes.
Devido à indefinição, a adol tende a prolongar-se cada vez mais. E uma série de marcas dos adultos passam a ser reclamados pelos adol.: vida sexual activa, autonomia financeira...
De algum modo, desapareceu a pressão para evoluir em direcção à idade adulta. É possível continuar indefinidamente adol. Ora isso torna inviável o aparecimento de uma identidade definida.

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