2010/05/19

225

Aleluia. Já meti todos os dados recolhidos no Sábado em Penedono.
E já somo 225 questionários.
Isto progride.
Claramente há algumas marcas muito fortes neste grupo de Lamego. Que não sei se são apenas de lá ou típicas do interior Norte.
Forte socialiação religiosa. Muita interacção.
Os padres são figura em destaque.
Ausência quase total de referências a outros âmbitos de vida: escola, trabalho, tempo livre, namoro.

2010/05/15

grande recolha

Hoje estive na jornada da juventude da diocese de Lamego.
Além de muitas coisas positivas, arranjei 97 questionários.
Na realidade foram mais uns tantos, mas muitos "jovens" estavam entre os 12 e os 14 anos. Don't ask, don't tell!

2010/05/10

Identidade e adolescência

Mais uma coisa que li no fim de semana.
KLIMSTRA Theo A.//HALE III William W.//RAAIJMAKERS Quinten A. W.//BRANJE Susan J. T.//MEEUS Wim H. J., Identity formation in adolescence: change or stability? em Journal of Youth and Adolescence (2010) 39: 150-162.
É certo que muita abordagem pós-moderna põe em causa a pertinência da construção da identidade como tarefa típica da adolescência. Não assim estes nossos autores que se assumem claramente na linha de Erikson e de Marcia.
É um estudo longitudinal feito com adolescentes holandeses, entre os 12 e os 20 anos).

amores adolesecentes

Um bocado tangencial à tese, mas cá vai...
A ver se começo aqui a (re-)postar umas coisas que vou lendo...
ROISMAN Glenn I.//BOOTH-LAFORCE Cathryn//CAUFFMAN Elizabeth//SPIEKER Susan, The developmental significance of adolescent romantic relationships: parent and peer predictors of engagement and quality at age 15 em Journal of Youth and Adolescence (2009) 1294-1303.
Pretende investigar qual a influência da parentalidade (o estilo de acompanhamento dado pelos pais) e da relação com os pares na qualidade das relações românticas.
É um estudo feito aos 15 anos de um grupo que tem sido acompanhado longitudinalmente desde os 15 anos.
O assunto interessa-me porque segundo Erikson, a adolescência tem como tarefa principal a construção da identidade; a intimidade (romântica) só surge na transição para a vida adulta. Mas atendendo a uma certa "inflação" de amores dos adolescentes, a gente (ie, nós os não-psis) ficamos na dúvida.
As hipóteses:
1 - Quer a relação pais-filhos, quer a qualidade da relação de pares na infância e na adolescência se relacionam com a qualidade das relações românticas aos 15 anos (para os que estão romanticamente envolvidos);
2 - os factores acima referidos correlacionam negativamente com indicadores de intensidade de envolvimento romântico.

Long time no see you

É verdade. Tenho andado a baldar-me aqui ao blog com a força toda.
Mas em relação à tese as coisas não têm andado tão esquecidas.
Ao longo do Inverno fui passando uma série de questionários. Neste momento tenho uns 115. Estou à espera de uns 200 de um sólido parceiro. E hoje comecei a enviar mails com força a solicitar a colaboração de animadores.
Além disso na Semana Santa e a semana passada estive a fazer uns cursos de spss. Foi na FLUP. Não desgostei.
Agora que a vida está mais arrumada, o que é que falta?
1) Fazer os portfolios das cadeiras do ano passado (Ai que o Anthony me mata!)
2) Pressionar para recolher mais questionários;
3) Começar com entrevistas de profundidade
4) Arranjar guito para comprar o Alceste.

2009/12/31

Ainda sobre esta primeira ronda dos questionários

Acabei de introduzir os dados.
Algumas ideias que se confirmam.
1 - O povo não se confessa mesmo. Ainda não me meti a fazer estatística a sério mas aposto que vai haver uma correlação inversa muito forte entre ir à missa e confessar-se. o que é, para mim, curioso.
2 - O pessoal diz que reza quase todos os dias.
3 - A respeito da imagem de Deus. Alguns valores (paz, alegria, felicidade) estão muito presentes. Algumas formulações mais "reificadas" (tiradas possivelmente duma catequese mais nocional, a la pio X). Grande confusão entre as pessoas da Trindade. A centralidade revelacional de Jesus quase sempre ausente.
4 - Catequese e missa são os grandes lugares da fé. Mas estes são os que andam na catequese. Estou curioso para saber o que dirão os que não andam na catequese.
5 - Pais e catequistas são os grandes jogadores deste campeonato. Avós... qualquer coisinha.
6 - Supostamente os media e a escola não pinta nada nisto da fé. É o que eles dizem. Será interessante perceber, numa entrevista em profundidade, se isso resiste.
7 - A dimensão missionária da fé quase ausente.

2009/12/30

começa a aplicação dos questionários

já tenho aí uns 40 questionários preenchidos. De gente que anda na catequese e se prepara para o crisma.Interior Norte, rural.
Estou a meter os dados no computador.
Algumas observações preliminares:
1 - Na zona alfa (de onde vêm os questoionários; obviamente, não a identifico) a malta não se confessa. Estou ainda a metade da introdução mas a olho aposto que esse resultado vai ser esmagador. Culpa da catequese? Da pastoral local? Efeito da adolescência? Gostava de perceber porquê?
2 - No questionário há questões paralelas, a respeito das 3 pessoas da trindade. Assim a olho há uma tendência notória para fazer copy-paste de uns para outros. Não em absoluto, mas há fortes influências. Porquê? Uma teologia trinitária que não distingue bem as pessoas trinitárias? Preguiça? Dificuldade de vocabulário?
3 - Os rapazes presentes no grupo têm respostas muito "limitdas". Baixo nível cultural? Mas no território onde estão os rapazes com mais nível cultural? J´+a largaram a fé?
4 - Catequese e missa são os grandes (quase únicos) lugares de experiência religiosa.
5 - Pessoas a influenciar a fé: maioritariamente catequistas, pais, avós. Não aparecem amigos, nem professores

2009/12/08

Representação social e atitude

Isto da tese não tem andado tão depressa como eu gostaria.
Estou quase pronto a começar a aplicação dos questionários. Mas há questões de teoria metodológica que me estão a azucrinar.
Entretanto estou a ler ROSA AnnamariaSilvana de, Social representations and attitudes: problems of coherence between the theoretical definition and procedure of research em Papers on Social Representation 1993.
O artigo começa por ser uma comparação entre o conceito de RS e o conceito de atitude. Mas acaba por ser uma interessante reflexão sobre as questões metodológicas que a teoria da RS enfrenta. O problema é que é de 1993 e não integra os desenvolvimentos mais recentes.
A tese inicial é que muitas das dificuldades de aceitação da TRS vem de uma "nostalgia" da atitude.
A psicologia, ao longo de décadas tem tratado a "atitude" como um menino-lindo, que serve para tudo. Trocar isso pelo patinho feio da RS parece ser uma operação excessivamente arriscada.
A autora defende uma primeira tese, segundo a qual a RS é, ao mesmo tempo, um conceito heurístico e uma teoria; enquanto a "atitude" é usada com significados diferentes em diferentes teorias. Contra o "senso comum" existente entre muitos psicólogos, a atitude é tudo menos um conceito estável e unívoco.
É de reter a tabela em que Rosa faz uma comparação entre os princípios epistémicos da TRS e das abordagens mais cognitistas-individualistas.
(continua...

2009/11/07

Grrrr!

Eu sei que prometi não misturar aqui as minhas desventuras profissionais, mas...
Desde há mais de uma semana ando às voltas a rever um livro (Orar a Palavra).
No Projecto GPS, oferecemos também um manual com propostas de lectio divina a partir do evangelho de Domingo. O ano passado editámos o livro referente ao ano litúrgico B e agora deveria estar a sair o material para o ano C.
Estes livros são feitos a partir de propostas elaboradas por um grupo liderado pelo Pe. tarcízio e distribuídas numa mailing list.
Eu não sei se o material que estou a usar este ano está "pior" ou se sou eu que estou mais picuinhas em termos pastorais. Ou se, com a idade e o mau génio, estou simplesmente mais chato. Mas isto está-me a dar água pela barba.
Já o ano passado reparei que no material que me chegou (em bruto) havia problemas: textos longos demais, problemas de português...
Mas este ano estou-me a sentir um bocado mal porque não alinho com muita da teologia e dos modelos pastorais subjacentes a bastantes dos textos.
O que me traz alguns "dramas" de consciência: faço uma "edição" em profundidade e mexo nos textos em função do que me parece ser a nossa linha editorial? Ou respeito o que está e concluo que aquilo não é editável (por nós)?

2009/10/29

pré-teste

Há tempos fiz um esboço do teste que conto aplicar para recolha de dados.
O pessoal do meu grupo tem-me ajudado mas as respostas tardam a chegar.
Já recebi 3; a coisa parece ser funcional. E já recolhi algumas sugestões de melhoria.

2009/10/19

Back home

E já estou de regresso a PT.
Muito frio e muitos livros, lá na Alemanha.
Algumas ideias interessantes.
Algum sono em atraso.
No sábado ainda pude estar um pouco no dia do animador da diocese de Braga e com umas centenas de pais da paróquia de calendário.

2009/10/12

frankfurt

Esta semana, até sábado estarei em Frankfurt, na feira do livro.
Para quem nunca lá esteve é difícil de perceber a vastidão da coisa.
Lá irei, mais este ano, ver novidades, aprender, conhecer tendências.

2009/10/08

Projectos

Isto dos "projectos" tornou-se na Igreja (e não só) uma palavra de moda. Mal entendida, mal usada, deixada cair no esquecimento prático...
Há muita confusão entre projecto, plano, calendário. Aqui não me quero deter nas distinções de tipo mais técnico e operativo. Quero antes pensar sobre os aspectos "filosóficos" e atitudinais que são pré-requisito para um projecto.
Projecto tem que ver com futuro. Com "tender para".
O projecto pretende ser uma resposta à pergunta "onde queremos estar lá mais à frente?"
Basicamente, há três tipos possíveis de resposta ao futuro.
1. O futuro utópico. O futuro é pensado como perfeição, como realização quase imediata de todos os sonhos. Exemplo: Todos vamos ser felizes, o Sporting vai ganhar 5 campeonatos seguidos, os políticos vão começar a ser todos verdadeiros, honestos e educados.
Este tipo de visão do futuro tem, ao mesmo tempo, algo de alienado e de perigoso. Alienado porque não realista. Perigoso porque não admite discussão. A "perfeição" não se discute. Mas como cada um de nós pode ter visões diferentes do futuro perfeito, o conflito é inevitável.
Alguém me perguntará se a esperança cristã ão é necessariamente um futuro deste tipo. Direi que não. A esperança cristã é escatológica, tem que ver com as coisas últimas e definitivas. É não utópica porque se funda na realidade de Deus. Não é projecção dos desejos pessoais: está já presente na história, ainda que sob forma germinal. A esperança cristã leva a uma acção de tipo projectual que se encaminha, consciente de todas as fragilidades, para a escatologia. Não é utópica.
Entre nós, só o pessoal muito ingénuo e maçarico é que alinha com esta visão do futuro.
2. Mais do mesmo. Pensa o futuro como uma variação em quantidade do presente. O que fazemos (na Igreja, na educação, na família, na...) é sempre uma continuação do que temos feito. não há verdadeira inovação. Não há pensamento crítico sobre os pressupostos do presente. Não há coragem nem vontade de pensar um futuro qualitativamente diferente do presente. Não há capacidade de abandonar as perguntas de sempre e procurar outras mais relevantes.
Normalmente, esta atitude liga-se à consciência burocrática. A consciência burocrática é típica dos sistemas (pessoais, sociais... exemplos: grupo de jovens, centros de catequese, paróquias...) que se entendem fechados, como fins em si mesmos. A consciência burocrática, o "projecto mais do mesmo", não pensa que haja realidade para fora de si mesma. Não há desafios, não há interesses para fora de si mesmo. É egocêntrica. É ateia (na medida em que rejeita um Deus que sempre convida ao êxodo).
Esta atitude defende-se bem fazendo apelo ao realismo, à segurança das práticas consolidadas.
3. Projecto de futuro. Esta terceira atitude empenha-se na construção de um futuro que seja qualitativamente diferente do presente e das condições actuais. Mas, ao contrário da tendência utópica, não se actua por mero desejo. Está consciente das condições e constrições actuais. E em interacção com elas, define um percurso que permite construir uma realidade outra.

OK. Depois da minha apresentação sucinta já deve estar claro quem é que são os "bons". Isto pode parecer bastante teórico. Mas estas pré-compreensões são bastante importantes. Dá-me a sensação que o fracasso em implementar uma verdadeira mentalidade de projecto em tantas realidades eclesiais tem que ver com isto.
E parece-me ainda que são necessários três vectores para podermos aderir a um verdadeiro projecto de futuro.
a) Abertura horizontal. Só há projecto quando os participantes e as estruturas se decidem a uma abertura horizontal. Quando um catequista fala com outro. Quando uma paróquia fala com outra. Quando a diocese fala (para cima e para baixo) com as paróquias. Quando há atenção e disponibilidade interior para escutar os desafios que nos chegam da economia, da ecologia, da sociedade, das tendências culturais. Esta abertura não é resignação, nem acomodação acrítica. É diálogo. Com tensão bipolar. Com procura activa das "razões" que assistem àqueles que estão "de fora" ou com quem não concordamos. Isto que estou a descrever coincide, em muitos aspectos, com aquilo a que nós cristãos chamamos "comunhão".
b) Abertura temporal. Só há projecto quando temos capacidade de nos pensarmos no eixo temporal. O que temos feito? Que resultados tem produzido? Esta atitude permite ao mesmo tempo relativizar o que é relativo e apostar naquilo que é essencial. Todo o tema da avaliação aparece aqui. Todo o tema da identidade aparece aqui. A nossa identidade não se esgota nas concretizações. O esforço de fidelidade dinâmica exige esta abertura temporal. A avaliação é a capacidade de verificar a qualidade de longo prazo do que temos vindo a fazer. Exemplo: avaliar não é verificar se a festa da 1ª comunhão correu bem (não houve pais aos gritos, nem fotógrafos com os pés em cima do altar); é antes verificar se as crianças adquirem consistentemente uma prática eucarística.
c) Abertura vertical. É uma clara abertura ao divino. Não há projecto que se aguente sem a busca humilde de diálogo com o Deus que Se revela. Que nos faz ver as coisas de forma diferente. Que nos fortalece. Que nos critica e convida à mudança.

2009/10/07

Falar claro?

Há, em muitos de nós que somos Igreja, uma tentação grave de não falar claro. De meter muita maquilhagem nas palavras. Porque elas podem ofender alguém ou o establishment. Porque achamos que os nossos interlocutores são uns imbecis, incapazes de pensar pela própria cabeça, incapazes de aceitarem ou rejeitarem com liberdade e responsabilidade aquilo que dizemos.
Um exemplo recente:
No dia 5, na Forma(c)ção mandei umas "bocas" a respeito dos novos catecismos. É público e notório que estou cada vez mais crítico em relação aos méritos destes novos catecismos. Quer em termos do produto em si, do processo que os gerou e dos resultados que deveriam produzir.
É certo que ainda não tive a coragem (ou a paciência) de fazer aquilo que fiz na minha tese de mestrado, que seria analisar sistematicamente todos os textos, de fio a pavio, e provar por "a+b" as razões da minha (e não só) crítica.
Mas os "erros" catequéticos e as limitações estruturais de que padecem são facilmente judicáveis.
Enquanto escrevo isso num blog ou na revista Catequistas, o feedback não é muito. Ou porque as pessoas não lêm ou porque não sabem/querem responder ou contestar a minha opinião e a minha avaliação.
Quando digo aquilo em público há sempre mais feedback. A maioria das pessoas acaba por concordar comigo. E alguns discordarão. O que é normal.
E depois há aquele pessoal que me diz: "Tu até tens razão. Mas é preciso ter cuidado. As pessoas podem interpretar mal"...
E é aqui que eu acho interessante pensar sobre o tipo de praxis comunicativa que queremos em Igreja. Claramente sou favorável a uma comunicação o mais clara possível. Onde todas as cartas estejam em cima da mesa. Para que todos tenham o máximo de informação para confrontar, para processar, para ir elaborando as suas opiniões.
Continuando com o exemplo: no final da minha intervenção um jovem seminarista, encheu-se de coragem e disse aquilo que provavelmente muita gente pensa: "Se os catecismos são tão desinteressantes [tao cheios de palha; expressão dele], não será preferível abdicar deles e irmos dando uns temas e umas coisas mais interessantes?"
A minha resposta foi um "NÃO" CLARÍSSIMO. E justifiquei as minhas razões.
E é por isto que eu prefiro uma praxis comunicativa que favorece a clareza. Imagina que eu não digo nada; este tipo de ideias de trocar a sistematicidade dos catecismos por umas coisas avulsas e à vontade do freguês, continua por aí, sem nunca ter oportunidade de aparecer à luz do dia, de forma larvar, sem se confrontar com críticas, sem possibilidade de evoluir.
Claro que o facto de alguém fazer críticas mina a "autoridade" seja do que for. Mas pensem bem se queremos voltar a uma postura do "come e cala-te".
Aliás, ao limite, esta é uma das razões porque sou mais crítico dos catecismos actuais. Não apenas por serem "mauzinhos" em muitos aspectos mas por serem "perigosos". Explico. As suas linitações de redacção, pedagógicas, gráficas, a confusão entre conteúdos e objectivos, as imensas confusões na hierarquia de objectivos, a sua "imensidão" palavrosa, leva uma boa parte dos catequistas a considerá-los pouco operacionais, pouco aplicáveis. Mas a maneira confusa como estão feitos empurra o catequista "médio" a tentar outras coisas; não somente ao nível da metodologia mas também ao nível dos conteúdos (porque, precisasmente, os guias não separam bem as coisas). O que é que vaia acontecer? O catequista sente-se forçado a escolher entre tentar implementar o que está proposto nos guias ipsis verbis (o que a maioria considera inviável) ou a tentar inventar. Mas se opta por inventar, a estrutura dos guias não os ajuda a perceber a diferença entre o que é nuclear e o que á relativo e acessório. E do mesmo modo que eu digo que é inútil discutir a etimologia grega da palavra "carisma" outro catequista vai-se sentir à vontade para considerar "inútil"... a ressurreição de Jesus, ou a Eucaristia.
Que alternativa? Calar-me e fazer figas para quem tudo, magicamente se componha? Ou tentar o "caminho longo" da formação, do diálogo, do estimular à mudança e à construção de uma alternativa qualitativamente superior nas práticas catequéticas e eclesiais de todos nós?

2009/09/29

Aquecimento global?

Tem pouco a ver com investigação em teologia pastoral, mas convido a ler isto.
Mais dados a sugerir que não só a teoria do aquecimento global antropogénico não tem fundamento como pode até ser intencionalmente aldrabada.
O que é só um alerta para a qualidade da metodologia.

2009/09/28

depois das eleiçõs

As legislativas foram ontem.
Daqui a 15 dias há autárquicas. Uma pergunta que faço a mim mesmo. É uma pergunta de teologia pastoral. Não "operacional"-
Não ficaram com a sensação que nste clima de urgência e/ou de emergência nós Igreja não tínhamos nada a dizer ao país?
Não perco tempo com aqueles epifenómenos de padres candidatos ou mandatários do BE (essa então, perte-me todo!).
Mas atendendo a que estas eleições foram as mais "plitizadas" desde há muitos anos não seria expectável que nós Igreja, publicamente, tivéssemos algo a dizer?

2009/09/22

Educação cristã: um serviço e um compromisso

Não sei se sabem mas de 4 a 11 de Outubro vai celebrar-se a semana da educação cristã. Dá-me a sensação que é uma iniciativa que passa muito ao lado das nossas comunidades cristãs, o que é pena
Devo confessar que também eu não me mobilizo muito. Mas este ano, fui ler a mensagem da semana.
Não a acho particularmente relevante mas isso pode dever-se a distracção minha. Diz umas coisas genéricas e verdadeiras sobre educação e (ponto positivo) tenta ligar a educação cristã ao ano sacerdotal.
Claro que se usa muito a expressão educação cristã; estando eu fora de contexto posso não saber exactamente o alcance da expressão. Mas, supostamente, seria a catequese, a ERMC, a pastoral de jovens, a escola católica... Bom: fala-se apenas de catequese e de ERMC.
Além disso há uma perplexidade que me apareceu.
Leiam por favor o nº 2:
2. A Igreja sempre assumiu a educação como um imperativo da sua missão evangelizadora, consciente de que é através da educação que se constrói a realização humana e o futuro da própria humanidade. Por isso, empenha-se em promover a educação cristã, como um serviço e um compromisso: serviço do “homem novo” (2) e de uma sociedade renovada, nos quais estão directamente envolvidos a Família, a Escola, a Paróquia e os Movimentos e Associações laicais.
Isto não vos soa estranho? É que este elenco dos "agentes" da educação cristã inclui a paróquia... só muito wishfull thinking!
E porque é que não inclui os religiosos?
Esta "exclusão" aparece também em 3.2: 3.2. A educação cristã não se restringe à Catequese. Começa na Família e prolonga-se na Escola, que lhe presta um contributo subsidiário, sendo frequentemente apoiada, mormente nos adultos, pelos Movimentos e Associações laicais.

2009/09/20

Moção sobre educação (MCE)

O Movimento Católico de estudantes, publicou uma moção sobre educação, na sequência do seu 30º conselho nacional.
Porque falam de coisas que também me interessam, gostaria de partilhar aqui algumas ideias. Como sempre, aviso que não quero julgar nada nem ninguém; apenas pensar alto.

Português
Não sei se a moção foi redigida altas horas da noite, se houve dificuldade a chegar a consensos... mas o português onde aquilo está redigido é bastante difícil de ler. Isto já vai sendo uma mania que nós temos em Igreja: escrever complicado e sem respeito pela paciência dos possíveis leitores.

As ideias
Não conheço a tradição do MCE e das suas moções. Mas fiquei com uma sensação triste ao ler este texto. A respeito de educação faz umas declarações soleníssimas, genéricas mas com pouca atenção à pluralidade cultural que existe hoje. Nota-se que estão dominados pelo binómio educação-escola; e passam ao lado da pluralidade de plataformas que hoje, melhor ou pior, com mais ou menos valores, fazem educação: os media, as redes sociais, a internet...

As pérolas
A escola deve ser o motor primordial de desenvolvimento cultural de cada indivíduo, NO WAY! Porque é que a escola tem de ser isso? Quem disse? O sujeito não pode escolher onde faz o seu desenvolvimento cultural? Este é mais um daqueles exemplos de "dogmatismo" nos agentes eclesiais: por qualquer razão, mete-se uma ideia (até boa) na cabeça e toca a debotar isso como dogma; sem verificar se isso acontece mesmo; sem distinguir entre o que é e o que deve ser; e, claro, sem identificar o que é necessário para passar do real ao ideal.

Afirmar, conscientemente, a importância da reflexão e integração dos valores na educarão em escola, é também sublinhar que se torna sumariamente fundamental, garantir nas primeiras fases do percurso escolar, que esta seja reconhecida, significativamente, nos sistemas de avaliação do aluno, de forma que este tenha consciência da importância destes valores na sua vida.
Juro que não é por maldade que vos obrigo a ler este parágrafo. Não é falta de cultura tua; a frase é mesmo difícil de entender. Se eu entendo bem a ideia é que a escola deve apostar forte numa educação aos valores. (Não explicam bem quais são, como gerir a pluralidade que há sobre quais deveriam ser.) E para isso, "nas primeiras fases do percurso escolar" (até onde é que isso vai?) o empenho dos alunos nessa educação aos valores deveria entrar na nota. Percebi bem? Já viram até que ponto isto é reaccionário? E perigoso? Como é que se avalia a "importância da reflexão e integração dos valores"? Pela capacidade de elaborar um discurso "politicamente correcto"? Por ser "um menino bem comportado"?

Esta é a era dos números e das percentagens, das estatísticas. Mais do que isto, preferimos a qualidade do ensino, a garantia de melhores espaços de educação, das melhores práticas e metodologias, do maior e melhor desenvolvimento.
Mais poesia perigosa. Em vez de fazerem uma crítica a sério dos pressupostos epistemológicos que podem estar por detrás das várias utilizações das estatísticas e dos métodos de avaliação, em vez de denunciar o uso fraudulento que este governo tem feito dos números na educação, decidem abaondonar a "frieza" dos números em favor de uma vaga e indefinida qualidade. E deixam por responder algumas coisas: Como é que se verifica essa qualidade? Quem é que define o que é qualidade?
Continua

O futuro da educação passa por exigir de cada um de nós a certeza de que as práticas educativas deixarão de ser instrumentalizadas e de se encontrar ao serviço de interesses alheios, perdendo o seu verdadeiro sentido.
Quais interesses alheios?


garantir que todo o processo educativo tem, antes de mais, presente o desenvolvimento livre de cada indivíduo, oferecendo-lhe oportunidades, contrariamente ao que tem acontecido: criar-lhe apenas condições.

Mais uma vez, é melhor nem comentar o português. Mas há aqui mais coisas. Se bem percebo, estão em oposição "oferecendo-lhe oportunidades" a "criar-lhe apenas condições", sendo esta uma situação a evitar. ?!?!
O que é que isto quer dizer? Para lá do "gozo" que pode dar a confusão de ideias e de português talvez haja aqui matéria para objecções mais sérias. A educação que se deseja deveria,s e bem entendo, ir mais além do que dar às pessoas condições.
É isso? Mas então consiste em quê? Em renunciar ao princípio da responsabilidade e liberdade pessoal, que, julgava eu, era uma "verdade" quase inquestionável?

todos devemos ter igualdade no acesso à educação, travando-se a luta pelo fim da marginalização que, muito frequentemente, ainda vemos acontecer nas escolas portuguesas. O valor da igualdade é, por tudo isto, a alternativa a esta realidade; igualdade no acesso à educação, igualdade nas oportunidades de aprendizagem ao longo do desenvolvimento (a organização do espaço escolar não deve discriminar pessoas pelas suas diferenças individuais, mas antes tentar a sua inclusão)
Mais uma vez teria sido bom se fossem mais concretos e pudessem identificar os processos e as causas da dita marginalização. Porque se o fizessem seria mais fácil avançar com propostas credíveis para mudar a situação.
De todo não concordo que o valor da igualdade seja o motor para superar estas marginalizações.

Não poderíamos fechar esta reflexão em torno da educação, sem antes dizer o que habitualmente o Movimento vem dizendo aos seus militantes, mudar a organização da educação está ao alcance de cada um, parte deste já dito fenómeno complexo.


É aqui que se percebe que o essencial é mudar a organização da educação. Será mesmo?
Para mudar a organização não seria conveniente antes mudar outras coisas?

Tornar-se cristão

É o título de um livro que compila as comunicações do convénio da AICA (Associação italiana de catequetas) de 2001.
MEDDI Luciano (a cura di) Diventare cristiani. La catechesi come percorso formativo, Napoli 2002.
Ando há meses a lê-lo mas aquilo não saía da cepa torta (o que traduzido em míudos, significa que ao fim de uma página já estava nos braços de Morfeu); finalmente esta semana dei-lhe com força e cheguei ao fim.
proponho ir aqui dando conta dos conteúdos relevantes dos vários artigos.
LIPARI Domenico, Il "Processo formativo": senso di un'espressione, pp. 19-38.
Artigo muito técnico que tenta explicar aos catequetas o que é hoje um processo formativo, as dificuldades resultantes da fragmentação cultural em que estamos. Foi dos artigos que mais sono meu deu. Mas é decisiva esta reflexão de fundo sobre formação para podermos fugir às banalidades e falsidades de tantas propostas e bitaites catequéticos.

2009/09/19

De volta a casa

Acabo de chegar a casa.
Como tinha avisado, estive esta semana em Oseira, um mosteiro cisterciense da Galiza.
Estive a orientar o retiro dos seminaristas de Braga do 3º a0 5º ano.
Eram 14. Acho que não os fiz perder o seu tempo.
Impecável o acolhimento dos monges.